Após violência

Polícia abre inquérito para apurar crimes cometidos por manifestantes

Inicialmente, nenhum investigação teve início por porte da Polícia Civil investigar a ação dos militares acusados de terem agido com violência durante o ato

Qui, 13/08/15 - 19h22

A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar os crimes que teriam sido cometidos por parte dos 61 manifestantes detidos durante o protesto contra o reajuste das tarifas de ônibus da capital - que era R$ 3,10 passaram para R$ 3,40-, que ocorreu nessa quarta-feira (12) no Centro de Belo Horizonte. Inicialmente, nenhum inquérito foi aberto para investigar a ação dos militares acusados de terem agido com violência durante o ato. 

As investigações serão desenvolvidas pela 4ª Delegacia do Centro, que é coordenada pela delegada Cláudia Proença Marra. A princípio, será apurado se houve os crimes de dano e desobediência por parte dos conduzidos pela Polícia Militar (PM). Segundo informações da Polícia Civil, todos serão "intimados para prestar depoimentos no momento oportuno". 

Todos os manifestantes listados no inquérito da Polícia Civil foram detidos durante o ato organizado por integrantes do Movimento Tarifa Zero, Passe Livre e de outros movimentos sociais. A manifestação teve início no quarteirão fechado da praça Sete, no Centro, às 17h, com 50 pessoas. Por volta de 18h, 300 manifestantes já se preparavam para sair em passeata pela avenida Afonso Pena.

Com mais de mil pessoas revoltadas com o reajuste, a passeata teve início às 18h. Ao chegar no encontro com a rua Espírito Santo, os manifestantes, que ocupavam as três faixas da via, foram cercados pelo Batalhão de Choque da PM que exigiu a liberação da pista.

Enquanto manifestantes tentavam se organizar, o Batalhão de Choque fez um novo cerco e impediu a passagem dos manifestantes na avenida Afonso Pena, na altura da rua da Bahia. Pouco tempo depois, foi possível ouvir as primeiras bombas de efeito moral explodirem. Militares também efetuaram disparos de de bala de borracha. 

Além de manifestantes, o repórter fotográfico de O TEMPO, Denilton Dias, foi atingido em uma das pernas. Algumas pessoas se abrigaram em um hotel da rua da Bahia para tentar escapar dos tiros, mas acabaram detidas pela Polícia Militar dentro do local. 

Todos foram presos, tiveram um boletim de ocorrência aberto contra eles e foram liberados. Agora, todos serão investigados pela Polícia Civil. 

Nota da Sempre Editora:

"A Sempre Editora pede que sejam investigadas as agressões e ameaças sofridas pelos jornalistas de O TEMPO durante a cobertura do protesto contra o reajuste das tarifas de ônibus em Belo Horizonte, o que impediu o pleno exercício da liberdade de imprensa justamente em um momento em que a informação é imprescindível para a cidadania. A empresa também condena excessos cometidos pela Polícia Militar na contenção a manifestações populares."

Posição do Governo do Estado:

"Com relação aos lamentáveis fatos ocorridos na noite de hoje, no conflito com manifestantes contra a Prefeitura de Belo Horizonte pelo aumento das tarifas de ônibus, o Governo do Estado determinou uma apuração rigorosa dos fatos. A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania está acompanhando os desdobramentos do conflito e participará diretamente da investigação a ser feita pelos órgãos competentes, incluindo a escuta livre de todos os envolvidos e a perícia das imagens obtidas pela imprensa e pelas câmeras de vigilância. O Governo de Minas Gerais reitera também sua posição de garantir o direito democrático de livre manifestação, assim como o de ir e vir de todos cidadãos, e a não tolerância com agressão a agentes públicos no exercício de sua função."

Sindicato da categoria:

Por meio de nota, o Sindicato dos Jornalistas repudiaram a atitude da Polícia Militar e afirmou "não aceita a violência contra a imprensa livre".

"O ataque e intimidação a jornalistas é temerário no Estado democrático de direito, tendo em vista a necessidade de preservação da liberdade de expressão e das garantias constitucionais da atividade jornalística. Assim, o Sindicato exige uma resposta do Governo de Minas sobre o atentado contra a imprensa, assim como espera esclarecimentos sobre as demais denúncias de prisões arbitrárias e violações de Direitos Humanos durante a manifestação.

O Sindicato desde já coloca-se à disposição, com todo o suporte institucional e jurídico necessário, dos repórteres e demais profissionais de imprensa que eventualmente tenham sido impedidos de exercer a sua função durante a manifestação".

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