Em BH

Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão na Samarco

Alvo são equipamentos de informática e documentos; trabalhos estão concentrados no escritório da mineradora, em BH, e na sede da empresa, em Mariana; detalhes da operação serão repassados à imprensa às 15h

Sex, 05/02/16 - 07h43

A Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão na Samarco Mineração, nesta sexta-feira (5). Os trabalhos foram concentrados no escritório da empresa, à rua Paraíba, bairro Funcionários, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O alvo são os equipamentos de informática e documentos.

A operação Kairós, exclusiva da Civil, começou às 8h, chefiada pelo delegado Rodrigo Bustamante, de Ouro Preto, com apoio de agentes do Departamento de Operações Especiais (Deoesp) e peritos da corporação. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos simultaneamente na unidade Germano da empresa, em Mariana. 

Em BH, as buscas foram finalizadas antes do meio-dia, e o delegado saiu sem falar com a imprensa. Detalhes da operação serão passados em coletiva às 15h, na sede do 1º Departamento de Polícia Civil de Belo Horizonte, na praça Rio Branco, no centro.

O nome da operação, Kairós, faz referência ao Deus do tempo oportuno na mitologia grega. 

Relembre 

Nesta sexta (5), completa três meses o acidente com a barragem de Fundão em Mariana, região Central de Minas. O rompimento, no dia 5 de novembro de 2015, devastou totalmente o distrito de Bento Rodrigues, deixando 17 pessoas mortas, duas ainda desaparecidas e centenas de desabrigados.

O rompimento também causou o maior desastre ambiental do Brasil. A lama de rejeitos atingiu o rio Doce, mantando peixes e desestruturando a vida das pessoas que viviam da pesca, da agropecuária e agricultura às suas margens. A onda de minério viajou mais de 600 km, provocando danos em outras cidades de Minas Gerais e do Estado do Espírito Santo, até chegar ao litoral. 

Cobranças e acordos 

Três meses depois do acidente, a Samarco Mineração ainda se vê envolvida em questões jurídicas e ambientais. Até agora, foram feitos acordos com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) no Espírito Santo envolvendo indenização de vítimas, de populações ribeirinhas e trabalhadores da empresa. A Polícia Federal, por sua vez, indiciou a Samarco e suas controladoras por crime ambiental.

Segundo o MPMG, a Samarco comprovou ter pago R$ 100 mil a 18 famílias de pessoas que morreram no acidente, das 19 registradas. Além disso, a empresa pagou R$ 20 mil a 260 famílias que perderam suas moradias. Esse valor é dividido em R$ 10 mil em caráter assistencial e R$ 10 mil a título de antecipação parcial de indenização. De acordo com o MPMG, foram atingidas cerca de 3 mil pessoas, sendo que 940 perderam as casas.

A Samarco informou que foram entregues 2.500 cartões de auxílio financeiro para atingidos pelo desastre, cinco pontes foram reconstruídas e duas estão em construção. Além disso, 99,7% das famílias desabrigadas foram acomodadas pela empresa em casas antes do Natal. A empresa promete construir novas casas para todos os atingidos até o fim deste ano. Do ponto de vista ambiental, a empresa afirma ter recuperado a vegetação em 2,2 milhões de metros quadrados ao longo do Rio Doce e assistido a 6,8 mil animais.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou multas à Samarco que totalizam R$ 250 milhões. “Foram considerados os danos ambientais resultantes do desastre, especialmente os que afetaram bens da União, como rios federais. Como a mancha continua se deslocando pelo Rio Doce em direção ao oceano, outros autos poderão ser lavrados”, disse o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, em novembro.

A Justiça determinou, no fim do ano passado, que a Samarco, além da Vale e a BHP Billiton – suas controladoras – fizessem um depósito de R$ 20 bilhões para custear programas ambientais e sociais de recuperação da bacia ao longo de dez anos. Na última quarta-feira (3), no entanto, as empresas pediram adiamento do prazo do primeiro depósito, de R$ 2 milhões.

Atualizada às 12h20

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Com Agência Brasil