Polícia invade "festa do pó" e prende 19 em Santa Luzia

Qua, 01/12/10 - 19h53

Jovens entre 18 e 31 anos, de boa aparência e de famílias de classe média. Esse é o perfil do grupo de 19 amigos presos, na madrugada de ontem, pela Polícia Militar durante uma festa regada a cocaína, maconha, crack e bebidas alcoólicas, realizada em uma residência no bairro Monte Carlo, em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte.


Entre os participantes da "festa do pó", estavam oito mulheres e Hugo Leonardo Magalhães Pereira, 25, acusado por três assassinatos. Ele assumiu ser dono da droga. Porém, segundo o inspetor Rogério Gentil, da Polícia Militar, o dono da casa, o instrutor de autoescola Wellington Barbosa Santos, 27, e Eder Domingos de Andrade, 28, também foram autuados em flagrante por tráfico de drogas e associação para o tráfico.


O grupo foi conduzido à delegacia da cidade e apenas três rapazes ficaram presos. Eles foram encaminhados ao Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp), no bairro Palmital, em Santa Luzia. Os outros jovens foram enquadrados como usuários. Eles foram ouvidos e liberados.


Ao chegar à festa, depois de uma denúncia anônima por causa do barulho, os policiais encontraram uma verdadeira farra do tráfico. Carreiras de cocaína sobre as mesas e pedras de crack e maconha distribuídas entre os convidados. Os entorpecentes teriam sido comprados por Hugo Pereira, no bairro Lagoa, na capital. Além da droga, a polícia apreendeu R$ 1.038 em dinheiro e vários veículos.


A "festa do pó", segundo o inspetor Rogério Gentil, foi organizada através de e-mails e mensagens de celular. Os convidados, disseram algumas testemunhas, chegaram ao local da confraternização por volta das 21h. Quatro horas depois, a polícia colocou fim à farra.


Segundo o escrivão Gleison Estevam, a ocorrência pode ser considerada incomum na cidade. "O que nos chamou a atenção foi a aparência das pessoas envolvidas. Elas estavam muito bem vestidas, têm boa aparência, diferente dos que estamos acostumados a ver aqui".


Entre as pessoas detidas, havia estudantes, comerciantes e uma produtora de eventos. "As mulheres flagradas são bonitas, estavam bem vestidas, assim como os homens, que usavam roupas e tênis de marca", disse o inspetor.


estratégia.Esse tipo de ocorrência, segundo o subsecretário de Políticas Antidrogas de Minas Gerais, Clovis Benevides, evidencia uma espécie de mutação na forma de agir dos traficantes. "Essas festas servem como ponte de distribuição da droga. Os traficantes as organizam, tentando despistar a polícia, que está mais acostumada a flagrar o tráfico nas ruas e favelas das cidades. Mas elas têm se tornado mais comuns a cada dia".

Benevides disse que as festas em sítios e residências particulares não são exclusivas das classes médias ou altas. Uma das estratégias da polícia, segundo o subsecretário, é mapear as áreas de ocorrência desses eventos para cercar os traficantes. "A polícia tem mapeado essas áreas de práticas de festas de drogas. Existe uma lógica de mapeamento, pois as áreas são consideradas, em tese, de pseudo risco", disse.

 

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