OCUPAÇÃO DA CÂMARA

Polícia irá investigar outras denúncias de estupro durante manifestações na capital

Uma jovem, que teria estuprada na terça-feira (6), denunciou o crime; após isso, pelos menos outros dois casos vieram à tona e serão apurados

Sex, 09/08/13 - 16h06

Após a denúncia de uma manifestante, que teria sido estuprada durante a ocupação na Câmara de Belo Horizonte, a Polícia Civil irá investigar outras duas denúncias de abuso sexual durante os protestos. Uma delas teria ocorrido também durante a ocupação, que durou quatro dias até a Justiça determinar a reintegração de posse no local e a outra, durante as manifestações de junho.

O primeiro caso, de uma jovem de 21 anos, teria acontecido nessa terça-feira (6) e veio à tona após a vítima fazer um boletim de ocorrência. Segundo a Polícia Militar, a jovem disse que, por volta de 0h30 ela encontrou um rapaz que estava sem lugar para dormir e o convidou para dormir na barraca dela.

Durante a madrugada, o homem teria tentado beijá-la e ela se recusou. Ele teria saído da barraca, mas voltado depois, quando obrigou a jovem a pegar em seu órgão genital e insistido nisso. A vítima disse que tirou o rapaz também passou a mão em suas coxas e costas, mas que não reagiu porque estava cansada e sonolenta. Depois disso, o homem deixou a barraca.

Ela será ouvida na Delegacia de Mulheres nesta segunda-feira (12). Quanto às outras duas vítimas, a Polícia Civil informou que, a delegada responsável pelo caso, Érica Alvarenga, está se inteirando das novas denúncias nesta sexta-feira (9) e dará mais informações na segunda.

Resposta do movimento

Em nota publicada no Facebook, representantes da Assembleia Popular Horizontal informaram que após o fato ocorrido nessa terça, outros casos de violência, sutis e graves, chegaram ao conhecimento do movimento. Segundo eles, foi convocado um círculo de segurança entre mulheres para que o assunto fosse discutido. A decisão tomada foi que os agressores saíssem da ocupação, entretanto, a maioria dos manifestantes desconsiderou a ideia e chegou a duvidar da veracidade das histórias.

Uma outra reunião teria sido realizada na quarta-feira (7), mas, de acordo com o comunicado, “a questão do machismo e da violência continuou sendo tratada com ironia e escárnio, demonstrando total falta de respeito e crítica frente a questões tão graves e urgentes”.

Por fim, os representantes afirmaram que atitudes machista ou intolerante não serão aceitas no movimento.

Estupro

De acordo com o novo Código Penal, qualquer violência sexual pode ser considerada estupro. Anteriormente, apenas era considerado crime de estupro a penetração vaginal. Além disso, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o crime pode acontecer mesmo sem uma agressão física, com atitudes sutis como, por exemplo, o toque no corpo da vítima, sem o consentimento dela.

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