SEGURANÇA MÁXIMA?

Polícia Militar confirma fuga de presos na Nelson Hungria

Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) informou que 10 detentos fugiram durante a madrugada, dois deles foram recapturados

Sáb, 17/03/18 - 07h57
Dez presos fugiram do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, na madrugada deste sábado (17), em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Esta seria a terceira fuga registrada no presídio em menos de três meses.

Segundo a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), a fuga ocorreu por volta das 5h. Com o apoio da Polícia Militar, dois presos foram recapturados ainda nas imediações da unidade no início desta manhã. No entanto, oito detentos seguem foragidos.

De acordo com informações preliminares de agentes penitenciários e funcionários ligados ao sistema prisional, os presos que fugiram estavam no Centro de Observação Criminológica (COC) da Nelson Hungria, destinado à triagem dos detentos. Ainda segundo informações obtidas pela reportagem, os presos serraram a cela e com uma uma corda formada com lençóis pularam o muro de aproximadamente sete metros de altura pela parte de trás da unidade.

"Escolheram a parte de trás, justamente porque não tinha agente na guarita. Um outro guarda quando viu efetuou disparos para tentar conter, mas não foi o suficiente. Na última segunda-feira tivemos uma tentativa muito semelhante a esta no anexo 4, mas os guardas conseguiram conter a tempo. Eram, aproximadamente 10 detentos", contou um agente que pediu anonimato. 

"Atualmente, temos um déficit de 300 agentes só na Nelson Hungria. São 5 km de extensão de muro e temos apenas seis guardas fazendo esse monitoramento. Não temos lanternas e nem rádio para comunicar entre uma guarita para a outra. A situação é precária e tende a só piorar e essas fugas se tornarem mais frequentes, infelizmente. Não temos efetivo e a previsão é de mais demissões. Difícil trabalhar com o que se gosta dessa maneira", informou outra fonte ligada ao sistema prisional. 

Resposta. Por meio de nota, a Seap não esclareceu como os detentos conseguiram driblar o esquema de segurança e empreender a fuga. Informou apenas que a direção do presídio instaurou um procedimento interno para investigar as circunstâncias do ocorrido.  
 
Conforme a secretaria, os oito presos que continuam foragidos são: Michael Cleber Pereira Dias, de 26 anos, Fábio Barroso da Silva, 40, Emerson Cassimiro Gomes, 29, Elionae José dos Santos, 30, Jhon Marcos Pereira, 28, Maxsuel de Moura Avelino, 26, Bruno Jefferson Vasconcelos, 27, e Francielle Pereira dos Santos, 34.
 
A pasta não informou o grau de periculosidade dos fugitivos e nem qual era o motivo da pena dos criminosos.  
 
Em relação as denúncias ouvidas pela reportagem, a Secretaria de Estado de Administração Prisional informou que já está em tratativa com as áreas competentes para equacionar as questões relativas ao efetivo das unidades prisionais. A Seap ressaltou, ainda, que a gestão prisional é uma das prioridades do atual governo.
 
Visitas. A dona de casa Maria Salviana, 57, foi visitar o filho nesta manhã. Apesar da fuga, o clima era de tranquilidade dentro da unidade, segundo ela. "Graças a Deus foi tudo normal, eles comentam lá dentro, mas não sabem de muita coisa. Eu fico preocupada com essa situação, porque acaba prejudicando não só quem está aqui fora, mas eles lá dentro", afirmou.
 
"Lá dentro está tranquilo, normal. O comentário é que os agentes estão fazendo greve, então está faltando segurança no presídio. Fico aqui fora apreensivo, espero que melhora. Deve acontecer mais fugas, o governo tem que tomar uma decisão", contou Márcio Lourenzo, 65, que foi visitar o filho no início desta tarde.
 

Fugas são constantes

Em janeiro, oito presos de alta periculosidade fugiram da Nelson Hungria. Os agentes penitenciários contaram que descobriram a fuga na manhã do dia 27, um sábado, durante uma vistoria realizada antes do horário de visita. Eles encontraram um buraco na parede de uma das celas.

Um dos oito presos que fugiram trata-se do traficante Felipe Souza da Cruz, conhecido pelo apelido “Jiraya”, por usar uma espada para torturar os seus algozes e adquirir drogas diretamente com a organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).  

No início de fevereiro, a PM conseguiu recapturar Bruno Gustavo Gomes da Paixão, de 25 anos, no bairro Jardim das Flores, em Ibirité. Os militares chegaram até Paixão durante um patrulhamento naquela região. Como ele já era conhecido por crimes contra o patrimônio na cidade, ele foi logo abordado. O homem estava preso na Nelson Hungria por roubo.

Já em dezembro, três detentos da mesma unidade conseguiram fugir após serrarem a gade de uma das celas do pavilhão 10 e usarem uma corda improvisada para deixar a penitenciária. A fuga foi descoberta por volta das 5h, quando agentes faziam a ronda e avistaram a corda pendurada no muro. 

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