Espancamento

Polícia vê tentativa de homicídio 

Jovem de 19 anos deve ser indiciado por tentar matar estudante de medicina na saída de boate

Por Aline Diniz
Publicado em 21 de setembro de 2016 | 03:00
 
 
Violência. Agressão a universitário começou em início de rua próxima da boate e se estendeu por 130 m Foto: Fernanda Carvalho – 14.9.2016

Polícia Civil deve indiciar o estudante Rafael Bicalho, 19, por tentativa de homicídio. O jovem é suspeito de espancar o aluno de medicina Henrique Papini, 22, a 500 m da boate Hangar 677, no bairro Olhos D’Água, na região do Barreiro, na madrugada de 7 de setembro. A informação foi confirmada ontem por uma fonte ligada à corporação. Os indiciamentos de outros três suspeitos de participar da agressão não foram detalhados. Todos eles já foram identificados por meio de imagens de câmeras da região.

Bicalho foi preso na última sexta-feira por suspeita de agressão à ex-namorada, em setembro de 2015. Um relacionamento entre Papini e a jovem teria sido o motivo do espancamento no feriado da Independência.

Conforme relato da fonte, a Polícia Civil também estuda o indiciamento de Bicalho por formação de quadrilha. Não foi informado se a corporação considera a possibilidade de indiciar os outros suspeitos pelo mesmo crime.

A denúncia seria baseada não só na agressão contra Papini, mas também em outras atitudes do estudante. Conforme O TEMPO já mostrou, pelo menos cinco boletins de ocorrência relacionam Bicalho a crimes contra o patrimônio, pichação, briga em bar, além da agressão à ex-namorada.

Suspeitos. Inicialmente, a polícia trabalhava com a hipótese de que, além de Bicalho, outros cinco jovens teriam participado da agressão. Ontem, a fonte confirmou o envolvimento do estudante e de mais três rapazes no espancamento.

Além de Bicalho, outro suspeito já foi ouvido. Em conversa com a reportagem na última semana, o rapaz, que pediu para não ser identificado, negou ter participado do crime e disse que teria aconselhado Bicalho a não bater em Papini. Ele contou também que não fez nada para conter o amigo.

Já Bicalho, em seu depoimento na última quinta-feira, admitiu à delegada Sônia Maria de Miranda ter dado “um chute” na vítima. O delegado Flávio Grossi, que assumiu anteontem as investigações do caso, não descarta a possibilidade de ouvir o principal suspeito mais uma vez.

No dia do espancamento, Papini teria sido perseguido por cerca de 130 metros. A agressão começou com chutes em frente a uma lanchonete amarela e terminou próximo ao portão de uma empresa, após a vítima bater a cabeça no meio-fio.

O universitário foi levado para o hospital com hemorragia cerebral, fratura nos ossos da face, traumatismo craniano e lesões pelo corpo. Ele chegou a receber alta, no entanto precisou ser internado novamente por causa de uma infecção. Apesar disso, Papini se recupera bem.

Família

Silêncio. A reportagem esteve ontem no apartamento da família de Rafael Bicalho. O porteiro informou que os familiares agradecem, mas preferem não dar entrevista neste momento.

Saiba mais

Laudo. Um relatório do Instituto Médico-Legal (IML) foi feito a partir da ficha médica de Henrique Papini, 22. O laudo é peça importante na investigação, já que vai detalhar as agressões sofridas pelo estudante de medicina. A profundidade e o impacto das agressões podem ajudar na elucidação de uma tentativa de homicídio. O IML tem o prazo de 30 dias para apresentar o documento, mas as autoridades acreditam que o processo será mais rápido.

Audiência. Está prevista para esta semana uma audiência de conciliação envolvendo Rafael Bicalho e a ex-namorada, supostamente agredida pelo jovem. A informação foi repassada para a reportagem por uma fonte ligada à Polícia Civil. O processo corre em segredo de Justiça. Sobre os outros dois casos de agressão que teriam acontecido na Hangar 677 no feriado, a assessoria de imprensa da corporação informou que o delegado está ouvindo testemunhas.

Investigação

Argumento de inquérito está quase concluído

O embasamento de um inquérito que aponte tentativa de homicídio precisa ter três elementos principais: autoria, mecânica (como aconteceu o crime) e motivação. A explicação é de uma fonte da Polícia Civil que participa das investigações da agressão contra o estudante de medicina Henrique Papini, 22.

Segundo ela, a apuração do caso está avançada. A motivação do suspeito Rafael Bicalho, 19, seria ciúme da ex-namorada, e a mecânica já estaria praticamente mapeada pela corporação. O detalhamento de como aconteceu o espancamento não foi repassado à reportagem.

Já a participação dos suspeitos ainda está sendo avaliada. Ontem, um amigo de Papini, que estava com ele na noite da agressão, esteve na delegacia para prestar depoimento. As informações das testemunhas e as imagens de câmeras de segurança estão contribuindo para a conclusão do inquérito. O prazo máximo para o término é de 30 dias. (AD)