Festas clandestinas

Prefeitura de BH diz que mais ricos 'chutaram pau da barraca' do isolamento

Secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, afirmou que a ocupação de leitos na rede suplementar aumentou “mais de 100%” nas últimas semanas

Qua, 25/11/20 - 18h02
Secretário de Saúde de BH, Jackson Machado participou da coletiva desta sexta-feira | Foto: Ramon Bitencourt

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Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (25), o secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, afirmou que a ocupação de leitos na rede suplementar exclusivos para pacientes de Covid-19 aumentou “mais de 100%” nas últimas semanas. Ele argumentou que o avanço ocorreu porque pessoas de classes “mais favorecidas chutaram o pau da barraca e estão saindo para festas”. 

“De 10 de novembro para cá, a ocupação de leitos de enfermaria e UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na rede particular aumentou mais de 100%. Isso é a primeira vez que acontece. A pressão sobre os leitos privados hoje é muito maior do que o SUS”, informou Machado.  

As classes de renda A e B, mais ricas, que, no início da pandemia, entre março e abril, eram as principais afetadas pelo vírus, voltaram a ser as mais atingidas pela doença, informou Machado. Ele relaciona a queda do isolamento social e o desrespeito às medidas sanitárias para combater o coronavírus como causa direta para a situação.

O chefe da pasta analisa que o fenômeno é “um indicador claro que as pessoas mais acometidas são das classes que estavam mais resguardadas no início da pandemia, classes mais favorecidas socioeconomicamente, que estavam em distanciamento social e que por algum motivo, ou pelo menos, pela fadiga de ficarem em isolamento, chutaram o pau da barraca e estao saindo para festas”. “Não é justo, para nenhum de nós, que a alegria temporária de alguns em uma festa traga o óbito para outros”, declarou o secretário.

“As classes A e B estão mais acometidas hoje e, a faixa etária, é entre 20 e 40 anos. Todo mundo está vendo que estão acontecendo festas clandestinas em espaços que deveriam estar fechados, estão acontecendo festas em prédios, festas particulares, pessoas alugando sítios, pessoas viajando. Não há dúvida alguma para nós que essas aglomerações são o grande foco que está causando o aumento no número de casos”, defendeu. 

Nesta quarta-feira, as taxas de ocupação flutuaram para baixo, com 39,4% nas UTIs e 37,2% nas enfermarias. A transmissibilidade ficou no mesmo patamar, de RT 1,08. São 53.377 casos confirmados de Covid-19 e 1.625 óbitos. 

Apesar disso, Jackson Machado informou que os parâmetros estão todos no nível amarelo se forem considerados “os leitos reais”. 

"Se a gente for pegar os leitos de UTI hoje utilizados para Covid e os leitos de enfermaria reais desativados à Covid-19 temos uma ocupação 60,2% de UTI do SUS, e 64,1% de enfermaria. Os três indicadores estariam hoje amarelos", explicou o secretário de Saúde, Jackson Machado.

Em nota encaminhada à imprensa, a prefeitura de Belo Horizonte informou que responsáveis por promover aglomerações ou desrespeitarem as medidas sanitárias na capital poderão ser enquadrados no artigo 268 do Código Penal.

O instrumento prevê multa para quem “infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”. O valor fixado pelo Executivo municipal é de R$ 17 mil, segundo informado na coletiva

O subsecretário de Fiscalização, José Mauro Gomes, disse que as ações de combate às aglomerações serão intensificadas. “A prefeitura vai reativar o sistema de equipes volantes para percorrer e monitorar a cidade – método adotado durante o Carnaval. Denúncias de locais que estão descumprindo as medidas de prevenção podem ser feitas pela população pelo Portal de Serviços da PBH, pelo aplicativo PBH App ou pelo telefone 156”, diz a PBH em nota. 

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