Balanço parcial

Primeira semana de vacinação em Minas tem cerca de 143 mil doses aplicadas

Número representa metade do grupo a ser atendido com a primeira remessa da Coronavac, ou 3,4% do público prioritário, se considerados todos os idosos do Estado

Por Cristiano Martins e Gabriel Rodrigues
Publicado em 26 de janeiro de 2021 | 20:55
 
 
Indígena aldeados fazem parte do seleto grupo a ser imunizado com a primeira remessa da Coronavac Foto: Pedro Gontijo/Imprensa MG

Passada uma semana desde o começo da imunização contra a Covid-19 em Minas Gerais, o governo estadual pretende lançar nesta quarta-feira (27) um “vacinômetro” para o acompanhamento da campanha em território mineiro. Os números oficiais ainda são desconhecidos, mas é certo que a quantidade limitada de doses disponíveis exigirá muita paciência nessa contagem regressiva.

Dados parciais apurados por O TEMPO indicam que aproximadamente 143 mil injeções haviam sido aplicadas até a tarde desta terça-feira (26) em todo o Estado – a segunda dose para completar a imunização ainda será administrada a esses mesmos indivíduos.

O número representa pouco mais da metade do seleto grupo que receberá a primeira remessa da Coronavac. Se considerada toda a população maior de 60 anos no Estado, foram atendidos até agora 3,4% do primeiro público-alvo prioritário.

De acordo com as estimativas oficiais, 1,1% dos idosos e 34% dos profissionais da saúde serão contemplados nesta primeiríssima fase de imunização em Minas, iniciada com as doses enviadas na semana passada pelo Ministério da Saúde:

 


Minas Gerais possui ao todo 3,4 milhões de habitantes na terceira idade, mas somente os 38.578 asilados em instituições de longa permanência entraram na primeira fila preferencial. Já entre os trabalhadores da saúde, as doses inaugurais seriam destinadas às 227 mil pessoas diretamente envolvidas na linha de frente do combate à Covid-19, de um total de 669 mil profissionais do setor.

O grupo a ser imunizado neste primeiro momento também inclui todos os 1.160 indivíduos com deficiência institucionalizados em Minas e 7.878 maiores de idade entre os quase 13 mil indígenas aldeados no Estado.

Considerando as novas cargas recebidas nesta semana da própria Coronavac e da vacina de Oxford, que ainda não foram encaminhadas às prefeituras, a campanha alcançará uma cobertura de aproximadamente 508 mil pessoas em Minas. Isto significa 12% do grupo prioritário, incluindo todos os idosos, ou 2,4% da população geral do Estado.

“Esta é uma etapa inicial e emergencial, em que foi necessário usar as doses recebidas para proteger os mais vulneráveis dentro dos públicos prioritários. A expectativa é que o público prioritário seja ampliado à medida em que o Ministério da Saúde mande mais doses para Minas Gerais”, declarou o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral.

Estado com o maior número de municípios do país (853), Minas Gerais é uma das nove Unidades da Federação que ainda não divulgam dados oficiais consolidados sobre a campanha de vacinação contra a Covid-19. 



REGIÃO METROPOLITANA

O Ministério da Saúde faz uma contabilização das vacinas já administradas no Brasil, mas há grande defasagem nas informações. A pasta não considera os números consolidados de São Paulo, por exemplo, e a quantidade de injeções aplicadas em Minas apresentada no levantamento é pelo menos três vezes menor do que os números já confirmados apenas em Belo Horizonte pela Prefeitura da capital (43.334).

Até mesmo o número exato de mineiros em cada grupo prioritário de vacinação ainda é incerto. Na semana passada, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) solicitou que todas as prefeituras informassem até esta terça-feira (26) a estimativa de cidadãos incluídos nos critérios preferenciais.

“Precisamos dessas informações para fazer o controle do volume de doses e de pessoas vacinadas. Se houver divergência entre os dados da secretaria estadual e dos municípios, é preciso fazer uma atualização. Este é o momento apropriado”, enfatizou Amaral.

Consultados pela reportagem, nem todos os municípios da região metropolitana informaram os números. Os dados enviados por alguns deles, contudo, evidenciam que serão necessárias cargas muito maiores de vacinas para cobrir esses grupos.

Em Ribeirão das Neves, por exemplo, a prefeitura estima que 20 mil pessoas precisariam ser vacinadas nesta primeira fase, que sequer inclui todos os idosos. Para isso, seriam necessárias 40 mil doses da Coronavac, número muito além das 2.288 unidades reservadas na remessa inaugural. Até esta terça, 857 pessoas haviam sido vacinadas na cidade.

Já o município de Ibirité recebeu o bastante para 1.177 aplicações, mas apenas os profissionais da saúde na linha de frente são 2.463 no município.

A prefeitura de Belo Horizonte, por sua vez, informou que já distribuiu 71.276 unidades e aguarda mais orientações da secretaria estadual e do Ministério da Saúde para definir o tamanho exato dos grupos prioritários da Fase 1. De acordo com a administração municipal, a capital possui 140 mil profissionais da saúde, sendo 55 mil deles atuando nos hospitais, além de 5 mil funcionários de apoio, como faxineiros e porteiros.

Somados, os municípios de Belo Horizonte, Caeté, Contagem, Ibirité, Nova Lima, Ribeirão das Neves e Santa Luzia informaram ter aplicado 49.757 doses até esta terça-feira. 

PRÓXIMAS ETAPAS

Em um segundo momento da campanha de vacinação, o Ministério da Saúde pretende incluir entre os grupos prioritários: comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas; pessoas em situação de rua; pessoas com comorbidades e doenças crônicas; trabalhadores da educação; pessoas com deficiência permanente severa; membros das forças de segurança e salvamento; funcionários do sistema prisional; trabalhadores do transporte coletivo; transportadores rodoviários de carga; e a população privada de liberdade. Ainda não há previsão de data para essa ampliação.