SEM ÔNIBUS, SEM CONSUMO

Primeiro dia de greve pode gerar prejuízo de R$19 milhões no comércio

CDL divulgou o valor estimado do prejuízo e informou que já solicitou ao Ministério Público uma intervenção para amenizar os efeitos da greve

Por JULIANA BAETA
Publicado em 24 de fevereiro de 2014 | 13:32
 
 
Na região do Barreiro, ônibus ficaram nas garagens Fernanda Carvalho/ O TEMPO

A greve dos rodoviários que começou nesta segunda-feira (24) em Belo Horizonte e região metropolitana pode causar o prejuízo de R$ 19 milhões para o comércio. O dado é da Câmara dos Dirigentes Lojistas da capital (CDL-BH) e leva em conta o número de funcionários e consumidores que não conseguiram chegar aos centros comerciais por falta de transporte.

“Com a paralisação no sistema de transporte coletivo, muitos comerciantes tiveram a equipe reduzida, alguns nem puderam abrir as portas, já que os funcionários não conseguiram chegar ao local de trabalho”, explicou o presidente da CDL-BH, Bruno Falci. ‘’Com apenas 30% da frota de ônibus em circulação, é grande o número de consumidores que não conseguem chegar aos centros comerciais. O prejuízo pode chegar a 25% do faturamento diário, que é de R$ 76,01 milhões”, completou.

A greve paralisou 53% das garagens de ônibus, segundo a Empresa de Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Apenas 25% delas operam normalmente nesta segunda-feira, e 22% operam parcialmente.

A CDL informou que enviou ofício ao Ministério Público e ao Ministério do Trabalho pedindo intervenção para amenizar os efeitos da paralisação. “Solicitamos dos órgãos competentes a organização e a ordenação do movimento da greve evitando assim prejuízo para lojistas, consumidores e toda a sociedade. É imprescindível que a categoria tenha o mínimo de 30% em funcionamento exigido por lei”, afirmou o presidente da CDL-BH.

Segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de BH (STTRBH), Camilo Moreira, a categoria acatou a liminar que determina escala mínima de 70% da frota em horário de pico e 50% nos outros horários. Além disso, os grevistas fizeram uma reunião e resolveram pela manutenção da greve. “Vamos continuar e calculamos que cerca de 70% dos profissionais aderiram a greve”, afirmou Moreira.

O motivo da paralisação é que desde a primeira greve, em 2012, os rodoviários pedem uma proposta de ajuste salarial, o que nunca aconteceu. Além disso, as reivindicações envolvem ainda a jornada de trabalho de seis horas, o estabelecimento de piso salarial para trabalhadores que vão atuar no Move e o fim da dupla função para motoristas, que em alguns casos têm que fazer a cobrança das passagens além de dirigir.

Ressarcimento

O presidente da CDL-BH informou ainda que, legalmente, os lojistas não podem descontar dos funcionários a remuneração e os benefícios correspondentes à ausência no trabalho devido a greve dos rodoviários. "Os lojistas que tiveram prejuízos com o movimento grevista dos trabalhadores rodoviários podem pleitear do Sindicato dos Trabalhadores, perante o Judiciário, a reparação dos danos sofridos", explicou. Para isso, o dano material deve ser comprovado.