Eliza Samudio

Primo do goleiro Bruno presta depoimento novamente em BH

Após fim das escavações em busca do corpo no local apontado pelo familiar de Bruno, ele voltou à delegacia

Sex, 25/07/14 - 16h24

Após prestar depoimento por quase três horas na noite desta quinta-feira (24), o primo do goleiro Bruno Fernandes, Jorge Luiz Rosa, voltou a ser ouvido na tarde desta sexta-feira (25) no Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), no bairro São Cristóvão, na região Noroeste de Belo Horizonte. Ainda nesta sexta, foram feitas buscas com uma retroescavadeira no local onde supostamente estaria o corpo de Eliza Samudio, porém, nenhuma pista foi encontrada no lote, em Vespasiano, na região metropolitana da capital.

A Polícia Civil confirmou que o jovem prestou depoimento no departamento novamente. De acordo com o chefe do DIHPP, delegado Wagner Pinto, o depoimento de Jorge não altera em nada o processo, uma vez que Bruno sabia de tudo o que estava acontecendo, ainda que não tenha ido ao local de ocultação do corpo. 

Em entrevista à O TEMPO, o advogado do goleiro, Francisco Simim, informou que eles já haviam entrado com o recurso contra a condenção de Bruno por ocultação de cadáver e pelo cárcere privado do Bruninho. "Entramos com o recurso antes deste depoimento do Jorge. Não aceitamos as condenações por que o Bruno é o pai do garoto e nem esteve no local de ocultação", defendeu Simim. 

Durante as buscas feitas nesta sexta, o buraco aberto pela máquina foi de cerca de quatro metros de profundidade, bem próximo a um coqueiro, como tinha apontado Rosa. Cerca de 30 policiais civis se envolveram na diligência. Segundo Wagner Pinto, o trabalho da polícia, que é checar a informação passada, foi feito. 

Ainda, de acordo com Pinto, Jorge concordou que a escavação poderia ser interrompida. Caso Rosa aponte um novo local onde o corpo de Eliza possa ter sido enterrado, uma nova busca pode ser feita. 

Após o fim das buscas, Jorge conversou com O TEMPO. "Eu estou aqui chateado, meu coração está apertado porque pensei que iria dar um enterro digno para ela, me coloquei no lugar dela. A mãe dela deve estar desesperada porque pensou que iria realmente enterrar a filha dela, não foi o que aconteceu  e agora é entregar na mão de Deus", disse o jovem.

Ele ainda disse que não falou antes sobre a localização porque estava sob pressão de advogados e outras pessoas. "Depois foi passando o tempo e eu conversei com meu tio José Carlos  e ele me orientou a falar se fosse fazer bem ao meu coração. Pensei que ia dar tudo certo. Não estou sofrendo nenhuma ameaça que eu saiba, graças a Deus", afirmou. 

Questionado sobre a possibilidade de o corpo de Eliza ter sido retirado do local, Jorge não descarta. Um calçado foi localizado no local, mas o primo de Bruno disse não se lembrar do que ela calçava no dia. Por fim, Jorge ainda afirmou que a mão da vítima, que teria sido cortada, não foi jogada para os cães. 

No fim da tarde desta sexta, Jorge voltou para o Rio de Janeiro com seu orientador jurídico. “Temo pela minha vida, mas acredito em Deus”, disse o jovem. 

Entrevista à rádio

O familiar do goleiro revelou em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, que o corpo de Eliza estaria enterrado em um terreno próximo ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte. Jorge ainda teria contando que ela foi torturada e morta por asfixia na casa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano.

Ainda, segundo Rosa, o corpo foi enrolado em um lençol e colocado dentro de um saco lacrado. Rosa era menor de idade, na época do crime. Ele foi condenado a três anos de medidas sócio-educativas pelo envolvimento com o crime. "Ela não foi esquartejada. Só cortaram a mão dela. O corpo ficou inteiro", afirmou Rosa, acrescentando que o corpo foi transportado até o local no porta-malas do EcoSport que Bruno deu para a avó deles.

Rosa detalhou bem o local onde o corpo de Eliza foi deixado. "Fica próximo ao aeroporto. Antes de chegar ao local, passa um retorno, depois de três ruas, entra numa estrada de chão. É um lugar distante. Ela foi enterrada perto de um pé de coqueiro grande e único dentro do terreno. Mesmo se não tiver mais esse pé de coqueiro no local, eu sei onde ela (corpo de Eliza) está. O buraco onde ela foi enterrada foi feito por uma retroescavadeira para dificultar a localização do corpo", garantiu.

Durante a entrevista, Rosa falou ainda que só teria jogado terra sobre o corpo de Eliza e que ele, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola,  teriam enterrado Eliza às 0h30. Ele ainda afirmou que não recebeu dinheiro para participar do sequestro de Eliza. Na entrevista, ele também disse que o outro primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, que foi morto em 2012, teria sido assassinado por ter diferenças com Macarrão, para administrar o dinheiro de Bruno.

Atualizada às 17h33

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