Golpes

Procon em BH recebe até 20 queixas de empréstimos não autorizados por semana

Vítimas enfrentam dificuldades para recuperar prejuízos e precisam acionar a Justiça

Sáb, 22/01/22 - 03h02

A cada semana, pelo menos 20 pessoas registram queixas no Procon Assembleia, em Belo Horizonte, por empréstimos não autorizados. Só no ano passado, o número de reclamações teve alta de 20%. O servidor Manoel Fonseca dos Reis, 61, é uma das vítimas desse golpe na capital mineira. Sem conseguir uma resolução do banco, ele precisou acionar a Justiça, cuja audiência só acontece em abril. Enquanto isso, precisa de arcar com mais de R$ 4.000 por mês por conta do golpe. "Isso abalou complemente as minhas finanças pessoais", relatou.

O caso aconteceu no início do ano passado, quando ele procurou o Banco do Brasil para fazer um empréstimo consignado para trocar o carro. "Depois, o pessoal de outro banco fez uma proposta melhor e eu migrei o empréstimo. Mas recebi um contato falando que o gerente da minha conta no Banco do Brasil havia mudado e que iam me ligar. Logo em seguida, uma outra pessoa fez o contato comigo. Ele falou do consignado e tinha todas as minhas informações bancárias. Fez uma proposta melhor para eu voltar. A parcela que era pouco mais de R$ 1.000 cairia para pouco mais de R$ 800", disse.

Na sequência, ele recebeu uma transferência do banco de R$ 23.000 e o homem que se passava por gerente disse que o valor era a título de amortização e, por isso, Manoel deveria devolver para uma conta repassada por ele. "Fez o contrato, o banco depositou o dinheiro e eu repassei o valor. Depois dias depois, voltaram a me ligar com uma proposta melhor, de R$ 500, em 42 parcelas", acrescentou. Mais uma vez, o servidor achou vantajoso fazer a alteração e recebeu na conta outros R$ 22.000, que também foi repassado para a conta indicada.

Quando Manoel foi receber o salário mensal, viu que o desconto era bem maior que o esperado e na folha ainda constava o consignado e ainda outros dois empréstimos. "Eu entrei em contato e pediram 10 dias para atualizar. Nisso, passou um mês e vi que não tinha mudado. Fiz contato novamente com eles, uma outra gerente pediu para aguardar e se passaram quase três meses", disse. Sem nenhuma resposta, ele voltou ao banco e foi informado que na verdade se tratavam de dois agentes comerciais do Rio de Janeiro, e não gerentes. 

"Eu mostrei os contratos, que era migração de um consignado para outro, de outro valor. Eu não fiz um novo empréstimo, inclusive não precisava disso. Ainda falou que eu poderia estar aplicando um golpe no banco", afirmou. A única alternativa foi fazer uma ocorrência policial e acionar a Justiça. Segundo Manoel, os descontos mensais têm sido superiores a 30% do salário, o que ainda é proibido por lei.

Dicas para não cair em golpes

Para evitar dor de cabeça e cair em golpes como esse, a Polícia Civil já fez diversos alertas com orientações simples. A principal é sempre desconfiar de propostas que sejam muito vantajosas, já que sempre escondem uma armadilha, como a do Manoel. Além disso, quando são recebidas ofertas, a orientação também é procurar a agência bancária para analisar a veracidade do empréstimo. Já idosos devem sempre pedir auxílio de um familiar.

Procurado, o Banco do Brasil não se manifestou.

 

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