PESQUISA

Professor da UFMG ajuda a desenvolver nova base brasileira na Antártica

Estrutura que conta com 17 laboratórios vai ser inaugurada nesta terça-feira (14)

Por CAMILA KIFER
Publicado em 13 de janeiro de 2020 | 20:07
 
 

A inauguração da nova base brasileira de pesquisas na ilha de Rei George, na Antártica, é a conclusão de um trabalho longo executado pelo professor do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luiz Henrique Rosa. A estrutura vai ser inaugurada nesta terça-feira (14) pelo vice-presidente Hamilton Mourão.

Além do pesquisador mineiro, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Câmara também atuou na construção da nova base brasileira no continente gelado desde que a antiga estrutura foi destruída por um incêndio, em 2012.

A dupla foi convidada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pela Marinha Brasileira para atua desde o início do projeto na elaboração dos novos 17 laboratórios - 14  internos e 3 externos. “É um trabalho que começou no primeiro semestre de 2019. Fizemos reuniões por e-mail, Skype, whatsapp. Fomos definindo como iriamos mobiliar esses laboratórios. Depois de fechar o que teria em cada base para atender a diferentes linhas de pesquisas, começou a fase da compra”, contou o professor da UFMG.

Com a conclusão da montagem dos laboratórios, os professores iniciaram um trabalho de pesquisa. “Nós começamos a trabalhar e coletar diferentes amostras para poder usar e testar os equipamentos. O objetivo era ver se estava tudo certo e está tudo perfeito”, concluiu o pesquisador.  

Com 14 anos de atuação no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), o professor Luiz Henrique Rosa conta como a base vai ajudar em pesquisas necessárias para o dia a dia da população.

“A primeira medida feita aqui (Antártica) foi avaliar a qualidade do ar. Estamos avaliando os organismos que chegam aqui, como plantas e fungos. Coletamos o ar, isolamos esses organismos e, agora, vamos estudar quais espécies chegam aqui. Além disso, nós isolamos fungos da neve e do solo para procurar fungos que produzam novos antibióticos de interesse para a medicina. Especialmente, contra algumas doenças que ocorrem no Brasil. Estamos falando de doenças tropicais e negligenciadas, como dengue, zika, febre amarela, leishmaniose. A gente avança nesse sentido também”, explica.

Os trabalhos de pesquisa vão contar com o apoio de 16 profissionais da Marinha, como conta o capitão de Fragata Luciano de Assis Luiz, chefe da Comandante Ferraz. "Nossa missão começou em 2019 e vai terminar em dezembro de 2020, quando um próximo grupo se apresenta". 

A nova base brasileira de pesquisas possui área aproximada de 4,5 mil metros quadrados. A estrutura foi desenvolvida para resistir a ventos de até 200 quilômetros por hora, a efeitos de terremotos, congelamento e descongelamento do solo antártico.

Essa base foi reconstruída no mesmo local da antiga, pela empresa chinesa Ceiec, ao custo de R$ 400 milhões.