Ouro Preto

Professor do IFMG acusado de tentar estuprar aluna voltará a dar aulas

O homem agarrou a aluna em setembro do ano passado e acabou afastado por três meses, mas voltará a lecionar para alunas do ensino médio a partir de maio; vítima alega que processo administrativo beneficiou o acusado

Qui, 20/04/17 - 16h17
Desde o ocorrido, alunas do IFMG já promoveram alguns protestos contra o professor | Foto: ARQUIVO PESSOAL / DIVULGAÇÃO

Acusado de tentar estuprar uma aluna em setembro de 2016, um professor de matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) de Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais, voltará a lecionar para estudantes do ensino médio a partir de maio deste ano. A denúncia foi feita pela vítima, que reclama que processo administrativo promovido pela instituição teria beneficiado o acusado.

Talia Aparecida Rodrigues, de 19 anos, que atualmente cursa física na instituição, conta que no dia 7 de setembro foi convidada para ajudar na aplicação de um simulado do Enem. "Ele me deu aula no ensino médio e sempre foi muito acessível, tinha muita amizade com as alunas, mandava mensagens, mas sempre ensinava com a mão na perna. Nesse dia ele apareceu falando que perdeu a chave do carro e me pediu ajuda para procurar. Quando chegamos em uma sala ele me agarrou, pegou na minha bunda e me empurrou para dentro da sala. Acabou que consegui empurrar ele e sair andando, quando ele bateu na minha bunda já no corredor e foi embora", detalha. 

Logo após o ocorrido a jovem abriu um processo administrativo contra o professor e também procurou a polícia. O procedimento interno da IFMG teria levado três meses para ser concluído, mas acabou culminando apenas em outros três meses de suspensão, que terminam em maio. "Eu gravei ele me pedindo desculpas pelo que fez em uma ligação, admitindo que aconteceu. Além disso, há uma imagem da câmera de segurança do instituto que mostra o professor dando o tapa no corredor. Mas este vídeo sequer foi usado no processo interno. Alegaram que não tiveram tempo de analisar a imagem que o próprio instituto cedeu à Polícia Civil", continua a universitária. 

Outra reclamação da jovem quanto ao procedimento do IFMG é com relação à outras alunas que foram vítimas de abuso pelo mesmo professor. "No meu depoimento eu sugeri que fossem ouvidas outras meninas que foram assediadas por ele, mas eles ignoraram isso, não escutaram ninguém. São meninas que não são de Ouro Preto e que ele chegou a mandar fotos do prédio onde moravam falando que queria ir na casa delas", completou Talia. 

A comissão formada para analisar o caso do professor teria definido duas possíveis punições a serem escolhidas pelo reitor, sendo elas os três meses de suspensão ou a remoção do servidor para outra unidade. "Foi ele quem decidiu só pela suspensão. Eles não pensam que essa pessoa vai poder dar aula para mim ou, o que é pior, para meninas do ensino médio. Eu já vou ter que lidar com esse trauma, mas e essas adolescentes que nem sabem quem ele é e o que fez?", conclui. 

A assessoria de imprensa do IFMG foi procurada e informou por meio de uma nota que, após tomar ciência da acusação, foi constituída uma comissão que conduziu o Processo Administrativo Disciplinar, "conforme prevê a legislação". "Tal comissão foi formada por membros externos ao IFMG, buscando a isenção total da Instituição. O resultado do Processo Administrativo Disciplinar apontou para a suspensão do servidor pelo período de três meses, conforme prevê a Lei 8.112/90", continuou. 

A instituição afirmou ainda que o processo interno não afeta qualquer outro julgamento, lembrando ainda que o caso foi relatado à polícia, que teve acesso aos vídeos citados pela estudante. "O IFMG repudia qualquer atitude que configure discriminação, preconceito, machismo e outras formas de desrespeito ao ser humano. A Instituição sempre fez e fará todos os esforços no sentido de não permitir que isso ocorra", finalizou o texto. 

Abaixo-assinado 

Revoltados com o retorno do professor à instituição, a ONG Minha Ouro Preto criou um abaixo-assinado que pede o apoio da população do município para que seja reaberto um processo administrativo disciplinar contra o professor para que ele seja removido do IFMG. 

"As alunas do IFMG não se sentem seguras com a volta do professor e precisam do nosso apoio. Assine agora pela reabertura do processo administrativo disciplinar contra o professor e sua remoção do instituto", diz o texto divulgado pela organização. A página do abaixo-assinado pode ser acessada clicando AQUI.

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