Educação

Professores da UFMG cobram investimentos e iniciam greve por tempo indeterminado

Movimento começou nesta segunda-feira (15); uma reunião será realizada para definir os próximos passos do movimento

Por Bruno Daniel
Publicado em 15 de abril de 2024 | 11:23
 
 
Professores aderiram paralisação nesta segunda-feira (15 de abril) Foto: Videopress Produtora

A greve dos servidores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), iniciada nesta segunda-feira (15 de abril), está sem prazo para terminar. Professores e técnicos administrativos decidiram cruzar os braços para pedir reajuste salarial e outras medidas por parte do Governo Federal. Uma mesa de negociação está prevista para a próxima sexta-feira (19).

A paralisação foi decidida na última semana. Na manhã desta segunda-feira (15), conforme o Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh), as faculdades de Direito, Arquitetura e da área da Saúde tiveram menor movimento. A entidade não soube dizer o percentual de adesão da greve, e a quantidade de alunos impactados. A categoria cobra por mais investimentos, além do reajuste salarial e na reestruturação da carreira. 

"A universidade pública é responsável por mais de 90% da pesquisa desse país. Sem recursos, a pesquisa não pode avançar. Temos também outras pautas. A gente não tem data-base (data anual de reajuste do salário), o que é problemático, pois faz com que todo ano a gente tenha que implorar para o Governo se sentar na mesa de negociação", explica a presidente do Apubh, Maria Rosária Barbato.

Segundo a representante, a reitoria da UFMG apontou para este ano um orçamento de R$ 230 milhões. O valor, conforme Maria Rosária, é insuficiente para custear os projetos e pesquisas em andamento. "Nos últimos anos, as universidades perderam muito. Chegamos a um ponto em que tivemos universidades que informaram que iam fechar devido à falta de recursos. Agora está um pouco melhor, mas ainda não está no nível necessário", aponta.

Próximos passos

Ainda nesta segunda-feira (15), uma reunião será realizada para definir as próximas ações da paralisação. A expectativa é de que devem ser definidos, por exemplo, quais setores da universidade não podem paralisar as atividades, por se tratarem de serviços públicos essenciais.

"A educação básica, que é obrigatória, as deliberações de bolsas que podem ser perdidas se não oferecidas neste momento, nos hospitais, onde temos pessoas em hemodiálise. Tudo isso será pensado com razoabilidade", explica Maria Rosária.

Na quarta-feira (17), às 16h, uma audiência pública sobre a greve será realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília. No dia seguinte, servidores da UFMG devem participar da Marcha dos Servidores Públicos Federais, na capital federal. A próxima mesa de negociação está prevista para ocorrer na próxima sexta-feira (19), ainda sem local e horário definidos.

Estudante de Direito da UFMG, Márcio Gonçalves Vieira Junior, de 19 anos, acompanha o cenário com preocupação e expectativa. Ele relata que, pelo menos por enquanto, as aulas estão ocorrendo normalmente. O maior impacto que ele sentiu foi nos outros setores.

"Está um pouco reduzido. Tem gente que parece que estava com problemas no colegiado. E outros prédios parecem que estão com menos funcionários também", relata. O jovem defende a pauta dos professores e entende que a paralisação é legítima.

Ao mesmo tempo, se preocupa com os alunos. "São dois lados. Os professores têm um motivo plausível para a greve. Mas tem o lado dos alunos. Alguns não são de BH e têm dificuldades para voltar para as cidades deles. Só espero que a greve acabe rápido", deseja.