Greve

Professores são agredidos pela polícia durante manifestação, acusa sindicato

Vídeo mostra soldados da Polícia Militar de Minas Gerais apontando armas contra os grevistas

Qua, 28/03/18 - 18h00

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) usou balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogênio contra professores e outros servidores da rede estadual de ensino, em Igarapé, na Grande Belo Horizonte, nesta quarta-feira (28), segundo informações do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).

Vídeo divulgado pelo sindicato mostra servidores bloqueando uma das vias da BR-381 e, na sequência, barulho de bomba de gás é ouvido. Na gravação, dois soldados aparecem apontando armas aos funcionários da rede estadual de ensino. De acordo com o sindicato, professores foram atendidos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Igarapé. No vídeo, uma manifestante diz que a PM “bateu em marido de professora e bateu em professora”.

O  diretor regional do Sind-UTE, Luiz Fernando de Souza Oliveira, afirmou que os professores foram atacados, porque querem dialogar com a sociedade sobre os motivos da greve dos servidores estaduais de ensino.

“Estamos sendo atacados pela PM apenas porque tentamos dialogar com a sociedade sobre os motivos da greve, que aqui em Igarapé atinge 100% das escolas estaduais. Queremos dizer aos pais, mães e aos nossos estudantes porque precisamos radicalizar o movimento. Não há motivo nenhum para que a Polícia Militar nos trate assim, com tamanha força e violência. Aqui a maioria são mulheres e pessoas idosas”,  disse.

Os funcionários se concentraram na manhã desta quarta na praça Matriz de Igarapé. Os servidores, então, seguiram para a BR-381, onde a confusão ocorreu.

Greve

A greve dos professores e outros servidores da educação de Minas Gerais começou no dia 8 deste mês. Segundo calendário de greve, a próxima assembleia será no dia 4 de abril. A greve foi decretada após a falta de proposta do governo de Minas com relação ao cumprimento do acordo salarial estipulado entre os professores e o governador Fernando Pimentel em 2015. O acordo estipulava três atualizações nos salários (2016, 2017 e 2018), além do pagamento de abonos. O sindicato também questiona o parcelamento dos salários e do 13º salário.

Assista vídeo publicado pelo Sind-UTE nesta quarta-feira: 

Outro Lado 

A Polícia Militar de Minas Gerais enviou nota sobre o caso. Leia abaixo: 

A Policia Militar de Minas Gerais, acerca das indagações a respeito do policiamento escalado, durante a manifestação ocorrida em 28 de março de 2018, às margens da Br381, região de igarapé, esclarece o seguinte:

O Efetivo foi escalado com o intuito de dar segurança aos cerca de 200 manifestantes, prevenindo a possibilidade de ocorrências contra os que ali se manifestavam e demais pessoas, os quais se reuniram na Praça Central de Igarapé, por volta de 08:00h. 

Foi feito contato com a direção do movimento, Presidente do SindUT de Igarapé, Sra. Jaqueline, orientando sobre a atuação da PM e sobre os cuidados que deveriam ser observados para manutenção da ordem pública. PM faria a cobertura do evento para garantia dos direitos e deveres dos manifestantes, ocasião em que foi acordado que não haveria fechamento de vias, visando o não prejuízo do direito de ir e vir dos cidadãos locais.

O comboio de manifestação foi escoltado, tendo a PM fechado todos os cruzamentos da cidade para garantia da segurança da população. Na marginal da BR 381, o caminhão do Movimento convergiu no sentido contrário do informado indo em direção ao leito da BR381, onde permaneceu na margem direita da rodovia. Neste instante, os manifestantes adentraram ao leito da BR 381 correndo e gritando, gerando sérios riscos de acidentes e, com isso, pararam por completo o trânsito na rodovia.

Destaca-se que havia trânsito intenso, além de ser um trecho de elevada velocidade. Foi iniciada a verbalização em alto tom de voz com os manifestantes que estavam bloqueando a via, argumentando sobre o direito de locomoção dos usuários da via e advertindo-os acerca dos aspectos legais que dão legitimidade à ação policial militar. 

No entanto, os manifestantes resistiram. Dessa forma, iniciou-se a dispersão, de maneira moderada, ocorrendo violenta resistência por parte de alguns manifestantes mais exaltados, tendo um deles, de compleição física avantajada, agredido a um dos militares e sendo arrebatado pelos demais, no ato de sua prisão.  

Foram realizados dois disparos de elastômero e empregadas três granadas de munição química, ocorrendo a dispersão, conforme normas legais vigentes. Não houve reclamação de feridos neste momento, o que teria ocorrido cerca de duas horas após a ação. 

O Comando da Unidade, bem como a Sub Corregedoria da Segunda Região da Policia Militar, acompanham os fatos.

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