Pronto-atendimento

Projeto quer reduzir tempo de espera em UPAs da capital

Meta é fazer com que pacientes aguardem, no máximo, 30 minutos em alguns casos

Dom, 14/01/18 - 02h00
Iniciativa. Projeto vai começar a funcionar na UPA Odilon Behrens na segunda-feira (15); local foi escolhido pelo alto índice de atendimentos diários | Foto: Moisés Silva

Em média, pacientes que procuram as Unidades de Pronto-Atendimento de Belo Horizonte (UPAs) esperam três horas para serem atendidos. A situação foi constatada durante três dias de visitas da reportagem às instituição de saúde. O cenário foi confirmado ainda pelo secretário municipal de Saúde da capital, o médico Jackson Machado Pinto. “É óbvio que existe essa espera. Eu não poderia negar a existência dela”, enfatizou. A partir de segunda-feira (15), porém, um programa que pretende reduzir esse tempo de espera para 30 minutos em alguns casos começa a funcionar na UPA Odilon Behrens, na região Noroeste da capital. Até abril, o projeto deverá ser implantado nas outras sete unidades de BH.

Segundo o secretário, a iniciativa está sendo testada há cerca de três meses na UPA Pampulha, na região de mesmo nome e, por causa do sucesso, será expandida para a unidade Odilon Behrens – escolhida para dar continuidade ao projeto por causa do alto índice de atendimentos diários.

A ideia é fazer uma espécie de segunda priorização no atendimento e agilizar o tratamento de pacientes que realmente precisam de uma unidade de emergência. Já aqueles que buscam as UPAs, mas poderiam ser tratados em centros de saúde, poderão continuar na fila.

Funcionamento. Pacientes classificados na triagem como azul ou verde que atenderem ao menos um de três quesitos serão atendidos em até 30 minutos. Haverá uma segunda equipe de médicos e outros profissionais para agilizar as consultas.

Serão priorizados pacientes idosos com alguma doença ou vinculados a algum centro de saúde. “Isso quer dizer que, se chegarem um paciente diabético acima de 60 anos com dor na perna e um jovem de 20 anos com um cabelo encravado, o rapaz poderá esperar dez, 20 horas”, detalhou.

O atendimento para aqueles classificados na categoria vermelho deverá ser imediato. Os pacientes com a cor laranja serão atendidos quase que de forma imediata, e os classificados como amarelo receberão atendimento em até uma hora.

O pedreiro Manoel de Oliveira, 69, usuário da UPA Pampulha, disse que foi atendido em cerca de 30 minutos. Ele contou que percebeu maior agilidade no processo. “Esperei uns 25 minutos, e o resto do tempo foi de tratamento”, relatou.

 

Parte dos usuários é de outras cidades

Cerca de 20% dos atendimentos feitos nas nove Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte estão relacionados a pessoas de outros municípios – fato que contribui para a demora no atendimento.

De acordo com o secretário Jackson Machado, isso ocorre porque pacientes da região metropolitana preferem o atendimento da capital por causa da melhor estrutura, entre outros fatores.

Opinião

“A gente chegou à 1h20 e só foi atendido lá pelas 3h, 4h, mesmo assim porque eu insisti. Minha avó já é idosae deveria ter prioridade.”

Simara Ferreira

Professora

“Sempre uso a UPA Venda Nova. É demorado, mas eles atendem e suprem nossas necessidades.”

Tatiana Soares

Usuária UPA Venda Nova

Minientrevista

Jackson Machado Pinto

Secretário de Saúde

O senhor admite que há uma demora média de três horas em atendimentos de casos não urgentes nas Unidades de Pronto-Atendimento da capital? É óbvio para nós que existe essa espera. Eu não poderia jamais negar a existência dela. O que acontece é o seguinte: quando uma pessoa procura um serviço de saúde, ela é avaliada em relação à necessidade do atendimento. Esse é um protocolo médico. Os pacientes que são classificados como verdes e azuis são aqueles que não têm indicação de estar em uma UPA para atendimento. O problema poderia estar sendo resolvido em um centro de saúde.

Mas existe atendimento rápido nos centros de saúde? O caso agudo é atendido também. Na quarta-feira da semana passada (atrasada), verifiquei que, em duas de nossas UPAS, 78% das pessoas que estavam lá não precisavam estar lá, poderiam estar nos centros de saúde (regiões Centro-Sul e Oeste). Na UPA Odilon Behrens, o número é de 58%.

FOTO: Uarlen Valério - 31.7.2017
 

 

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