Capital

Protesto fecha centros de saúde

Segundo sindicato, em dois meses foram registrados 40 casos de violência contra servidores

Sex, 26/05/17 - 03h00
Protesto. Servidores da área fizeram um ato em frente à Secretaria Municipal de Saúde, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte | Foto: Denilton Dias

Funcionários e médicos de centros de saúde de Belo Horizonte protestaram nessa quinta-feira (25) contra a violência nas unidades. Segundo o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), somente nos últimos dois meses, os postos de saúde foram palco de cerca de 40 ocorrências, como assaltos, agressões, ameaças e arrombamentos.

Sem apresentar dados comparativos, a categoria afirma que a dispensa dos porteiros e a redução da presença da Guarda Municipal contribuíram para um aumento da criminalidade nos postos. A Secretaria Municipal de Saúde, porém, informou que as ocorrências diminuíram no primeiro quadrimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2016.

Nessa quinta (25), profissionais da saúde paralisaram as atividades, e algumas unidades não funcionaram na capital. A médica Paula Nascimento, 44, contou ter sido alvo da violência, no último dia 17, no centro de saúde Padre Tiago, no bairro Alípio de Melo, na Pampulha, onde trabalha.

Segundo a servidora, o consultório dela foi invadido por um homem que dizia estar armado e exigiu atendimento. “Ele chegou exaltado, recusou-se a esperar, disse que estava armado e que eu estava ‘tirando a favela’. Fiquei muito assustada e entreguei o remédio que ele pediu”, contou. Ela recebeu licença de 20 dias por causa do ocorrido.

No ano passado, profissionais dos setores de portaria e “Posso Ajudar” foram demitidos dos 152 centros de saúde da capital. Além disso, desde o início deste ano, a maioria das unidades não tem mais a presença de guardas municipais.

Segundo o diretor do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, André Cristiano dos Santos, ao menos um médico é afastado do trabalho por semana devido a casos de violência na capital. “Muitos que atuam há muitos anos em uma mesma unidade, que já têm um vínculo com a comunidade, pedem transferência, o que acaba deixando a população desassistida”.

Demanda. Os profissionais da saúde e outros servidores solicitam a contratação de porteiros e, caso o retorno da Guarda Municipal não ocorra, de um serviço de segurança privada. Os manifestantes apresentaram as reclamações ao secretário municipal de Saúde, Jackson Machado.

Ele disse que solicitou ao prefeito Alexandre Kalil (PHS) a presença de um profissional nas unidades responsáveis por acolhimento e refluxo dos pacientes, mas ressaltou que a principal preocupação é melhorar o atendimento. “Contratamos 190 médicos e 20 psiquiatras. Hoje, temos 83% dos medicamentos nas as unidades”, afirmou.


Câmeras e vigias fora dos planos

A Secretaria Municipal de Saúde informou nessa quinta-feira (25) que não há uma previsão para comprar câmeras de vigilância nem de contratar vigias para atuar em postos de saúde da capital.

“Colocar câmeras de segurança não me agrada porque implica um custo alto e não garante segurança”, argumentou o secretário Jackson Machado. “Para contratar segurança, eu teria que demitir médicos. Então, prefiro manter o atendimento à população”. (RM)


Saiba mais

Guarda Municipal. A corporação não comentou o protesto nessa quinta-feira (25). No início deste mês, havia informado que mantém dois agentes em 90 centros de saúde, em horário integral, em dias alternados, e que nos outros dias e nos demais centros, há patrulhamentos.

Paralisação. Segundo o Sindibel, nove centros de saúde de BH não funcionaram nessa quinta (25), e cinco abriram parcialmente. Com dor ao urinar, Kátia Santos, 34, não foi atendida no Concórdia, na região Nordeste. “Não tenho como pagar uma consulta”.


Betim

Reforço na segurança evita crimes em UBSs

Três semanas depois de reforçar o patrulhamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Betim, na região metropolitana, a guarda municipal da cidade informou que não registrou mais crimes nesses locais. O aumento na segurança das unidades de saúde foi determinado pela prefeitura após acontecerem sete assaltos em UBSs da cidade em um intervalo de duas semanas.

Segundo o comandante da Guarda Municipal de Betim, Anderson Reis, 162 guardas estão se revezando em turnos para atender as unidades. A onda de crimes ocorreu em abril.

Anderson Reis ainda informou que, além de fazer rondas nas regiões onde estão as unidades de saúde, os guardas também atuam dentro dos postos. (Mariana Nogueira)

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