Extorsão mediante sequestro

Quadrilha simulava venda de veículos na internet para roubar compradores

As vítimas eram rendidas e levadas para um cativeiro, e o dinheiro que seria para a compra do veículo era transferido para a conta bancária da quadrilha

Por Pedro Ferreira
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 | 17:44
 
 
Polícia revelou esquema utilizado pela quadrilha nesta terça-feira (19)

Dois integrantes de uma quadrilha especializada em uma nova modalidade de extorsão mediante sequestro foram presos na manhã desta terça-feira (19), em Belo Horizonte, por policiais do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp).

A quadrilha simulava um anúncio de venda de veículos de grande porte na internet, geralmente de caminhões, retroescavadeiras e caminhonetes, atraindo as vítimas, geralmente de outros Estados, e rendia as pessoas  enquando elas chegavam em Belo Horizonte para efetuar a compra.As vítimas eram rendidas e levadas para um cativeiro, e o dinheiro que seria para a compra do veículo era transferido para a conta bancária da quadrilha. 

Na manhã desta terça-feira (19), um homem de 21, e outro, de 27, foram presos no bairro Novo Aarão Reis, na região Nordeste da capital, onde moram.

Em 1° de novembro do ano passado, eles sequestraram um empresário de Brasília (DF), que veio s Belo Horizonte atraído por um falso anúncio de venda de caminhão, por R$ 100 mil. A Policia Civil estourou o cativeiro no dia seguinte, em Santa Luzia, Grande BH, e libertou o empresário e um conhecido dele, morador de Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, que havia acompanhado o empresário na hora de conhecer o suposto caminhão. Ninguém foi preso na ocasião. 

O chefe do bando, um homem de 44 anos, já estava atrás das grades, condenado a mais de 100 anos de prisão por extorsão mediante sequestro, roubo e homicídio. De acordo com o chefe da Delegacia Anti-Sequestro, delegado Ramon Sandoli, ele planejava e executava seus crimes por telefone, de dentro da Penitenciária Nélson Hungria, em Contagem, onde permanece preso. "Somente no ano passado, o Deoesp apurou mais de 20 crimes dessa modalidade planejados dentro do sistema prisional mineiro e os condenados tendo acesso a banco de dados", disse Sandoli.

Recrutamento

O chefe do bando, segundo o delegado, sempre recrutava bandidos do lado de fora do presídio para cada ação que planejava. “Pegavam a vítima e a levava para o cativeiro e faziam essa extorsão, com ameaças, coações, para que transferisse o dinheiro”, afirmou Sandoli. No caso do empresário de Brasília, a Polícia Civil conseguiu bloquear a transferência bancária dos R$ 100 mil da vítima. 

O delegado conseguiu apurar outros quatro crimes de extorsão mediante sequestro cometido pelo homem de 44 anos de dentro da presídio, publicando falsos anúncios na internet. “Ou seja, dentro do sistema prisional, dentro da Penitenciária Nelson Hungria, com telefone celular, ele buscava informações de veículos que já estavam anunciados, montava um outro anúncio para atrair vítimas de outros estados, recrutava 'soldados' dele aqui fora para que pudessem fazer a vítima refém, articular as contas bancárias, para transferência do dinheiro, para somente depois libertar a vítima. Inclusive, com agressão física às vítimas”, disse o chefe do Deoesp.

De acordo com o policial, essa ação criminosa é mais uma variação do crime de extorsão mediante sequestro. “Antes, no passado, a gente só tinha aquele modelo clássico. Hoje, nós temos duas variações. E o que tem chamado mais atenção é o falso anúncio e o sequestro de gerente de banco. Somente no ano passado, foram cerca de 20 casos que nós conseguimos apurar, pela Delegacia Anti-Sequestro, e que todos eles eram comandados por presos do sistema prisional”, disse Sandoli, lembrando que os policiais da sua unidade conseguiram evitar seis sequestros, em ações antecipadas. Outros sequestros atribuídosao chefe do bando são investigados.