Morte encefálica

Recusa em doar órgãos cresceu em Minas Gerais 

No Estado, percentual de famílias que não autoriza a retirada de órgãos e tecidos de seus parentes com diagnóstico de morte encefálica subiu de 25% em 2013 para 45% neste ano, conforme o MG Transplantes

Qua, 28/09/16 - 03h00
Hospital das Clínicas de BH iniciou campanha de conscientização | Foto: Alex de Jesus

A recusa das famílias é a maior causa da não concretização de doação de órgãos de potenciais doadores no país, e a resistência vem aumentando. Em Minas Gerais, o percentual de famílias que não autoriza a retirada de órgãos e tecidos de seus parentes com diagnóstico de morte encefálica subiu de 25% em 2013 para 45% neste ano, conforme o MG Transplantes. No país, a recusa está em 43%, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Os números foram velados ontem, no Dia Nacional de Doação de Órgãos. A desinformação sobre a vontade do parente falecido e o medo de que a morte seja “acelerada” para a realização dos transplantes são as justificativas para a recusa. “São medos de coisas que não existem, como não tratar alguém bem para que ele seja doador de órgãos. Isso não acontece. As equipes médicas trabalham para deixar a pessoa viva”, diz o presidente da ABTO, Roberto Manfro.

O diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado, diz que, muitas vezes, a família confunde morte encefálica com estado de coma e ainda tem esperança de que o parente possa reviver. Outro medo é que o corpo seja mutilado para a retirada dos órgãos.

Tanto a ABTO, quanto o MG Transplantes, avaliam que é importante que as pessoas expressem sua vontade de ser doadoras às famílias – o desejo não tem que ser manifestado por escrito. O familiar mais próximo é quem autoriza ou não a doação. “É muito difícil a família ir contra a vontade da pessoa”, afirma Cançado.

No Brasil, 33 mil pessoas esperam por um órgão ou tecido. A maioria precisa de um rim. Manfro explica que a estatística tem relação com a característica das doenças que afetam cada órgão. “Quem entra em uma lista de espera de coração, se não conseguir a doação em um ano, a taxa de mortalidade é de 50% a 60%. Para o rim, o paciente tem tratamento e se mantém vivo por muito tempo”, explica. O país deve fazer 20 mil transplantes em 2016. Em Minas, foram 1.264 de janeiro a agosto, 11% a menos do que em 2015.

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