Brumadinho

Reduto de paz, Casa Branca está em alerta após crime

Idosa foi encontrada morta com sinais de violência e seu corpo estava enterrado em vala

Qua, 21/06/17 - 03h00
Polícia trata o caso como latrocínio, mas somente o carro foi levado e não havia sinais de arrombamento no local | Foto: Denilton Dias

O assassinato de uma idosa de 72 anos deixou em alerta os moradores e frequentadores do distrito de Casa Branca, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Localizada dentro do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, a região se desenvolveu nos últimos anos com sítios e condomínios de casas de alto padrão, procurados por quem justamente buscava tranquilidade. Agora, já há quem queria se mudar por causa da violência. A Polícia Militar afirma que o crime é uma exceção, mas confirma que está em curso uma ação para reforço da segurança.

O corpo da aposentada Gracy Aparecida Pamplona Silva, 72, foi encontrado, nessa segunda-feira (19), enterrado em uma vala em seu sítio, no bairro Recanto da Aldeia. O local é mais afastado do centro de Casa Branca, mas tem várias casas de campo ao redor. Ela disse aos familiares que iria passar o fim de semana no sítio. Como não retornou no domingo, seu genro foi até o imóvel juntamente com policiais militares. Lá, encontraram uma parte de terra removida, onde estava o corpo da idosa.

A perícia da Polícia Civil esteve no sítio e constatou que a mulher sofreu um golpe próximo à nuca e provavelmente essa foi a causa da morte. O carro de Gracy, um Astra vermelho, não foi encontrado. Porém, não foi identificado o roubo de outros objetos do local. Apesar de estranhar que não houvesse sinais de arrombamento e que o corpo da mulher tivesse sido enterrado, a PM trabalha com a hipótese de latrocínio. O portão do lado de fora estava trancado e a porta da casa estava aberta.

O crime chocou os moradores que relatam que outros casos de roubo têm ocorrido no local. Proprietário de uma pequena transportadora José Pereira, 43, foi vítima de violência há cerca de seis meses. “Fizeram minha esposa e filha de reféns com uma metralhadora. Levaram meu carro, um EcoSport, e quase todos os eletrodomésticos da minha casa. Eu já me cansei, vou vender minha casa e os demais terrenos que tenho aqui e vou me mudar”, afirmou ele.

Uma empresária de 63 anos que pediu para não ser identificada também demonstrou medo após o crime. “A gente vem morar aqui justamente por causa da tranquilidade e agora ocorre esse caso terrível que deixa a gente muito preocupada e até com medo de falar alguma coisa e sofrer retaliação”, disse.
O comandante do 48 Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento na região, major José Felício, diz que o crime foi um caso isolado e que o distrito de Casa Branca é tranquilo. “Esse foi o primeiro caso de homicídio registrado no distrito este ano. E são raros os casos de roubos, principalmente com o uso de armas. Esse não tem sido um problema frequente na região”, afirmou. (com Bruno Inácio)

População. O distrito de Casa Branca tem aproximadamente 3.000 moradores fixos. Já a população flutuante é maior, já que há muitas casas de campo e visitantes nos fins de semana.

Violência

“Fizeram minha esposa e filha de reféns com uma metralhadora. Levaram meu carro e quase todos os eletrodomésticos da minha casa. Eu já me cansei, vou vender tudo que tenho aqui e me mudar.”
José Pereira, 43
Morador de Casa Branca

Suspeito. A polícia trabalha com um suspeito que seria o sobrinho de um antigo caseiro da aposentada Gracy Pamplona, 72, encontrada morta nessa segunda-feira (19). Até o fechamento desta edição, ele não havia sido preso, e a PM ainda levantava elementos para incriminá-lo.

Instável. A vizinha da vítima, a lavradora Marlene Cardoso, 36, disse que a aposentada trocava muito de caseiro e que ela já havia avisado que isso poderia ser arriscado. “Eu avisei para ela que isso seria um problema. Porque não dá para confiar em todo mundo. É preciso sempre ter alguém de confiança, com mais tempo de trabalho. Mais de uma vez eu falei isso para ela”, disse.

Enterro. Gracy Pamplona foi velada e enterrada na tarde dessa terça-feira (20), no Cemitério Parque da Colina, na região Oeste de Belo Horizonte.


PM reforça atuação na região para melhorar a segurança

Apesar de dizer que crimes violentos são uma exceção no distrito de Casa Branca, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, o comandante do 48º Batalhão de Polícia Militar (PM), major José Felício, afirma que está sendo implantada uma nova forma de atuação da corporação para melhorar a segurança na região.

Segundo o major, a atuação em Casa Branca é estratégica porque a comunidade fica em um local que dá acesso a outros distritos que também precisam de patrulhamento na região. Ele explica que são quatro militares por turno atuando no posto de comando montado na entrada do distrito. “A nossa estratégia sempre é manter três militares fazendo ronda, em viaturas ou a pé, e um fixo no ponto de apoio”, afirmou.

O major explica que nas últimas semanas começou a funcionar um novo esquema para melhorar o policiamento local. Essa equipe de quatro militares fica responsável pelo policiamento das 7h às 19h e, das 15h às 23h, haverá o reforço de duas viaturas da patrulha rural. “Uma das dificuldades de fazer esse patrulhamento no local é que há uma grande região rural, com casas em áreas espaçadas na mata. Então esse reforço ajuda nesse policiamento”, disse. Ele explica ainda que de quinta a sábado, esse patrulhamento será estendido até a 1h, por causa da maior movimentação de pessoas no distrito.

Outra ação que está sendo avaliada pela PM é a criação de uma vigilância comunitária junto aos condomínios fechados, sitiantes e moradores fixos. A ideia é criar uma rede de colaboração para que as pessoas possam compartilhar informações entre si e com a polícia, nos moldes do programa Vizinhos Protegidos de Belo Horizonte.

Plano

“Esse foi o primeiro caso de homicídio registrado no distrito esse ano. São raros os casos de roubos, principalmente com o uso de armas. Mas já estamos com um plano em curso para reforço do policiamento no local, tendo em vista a especificidade da região”
Major José Felício
Comandante do 48º BPM

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