Fugindo da crise

Refugiados venezuelanos desembarcam em BH nesta sexta-feira

Eles serão abrigados em uma residência cedida pela Congregação dos Padres Jesuítas, no bairro Campo Alegre, na região Norte, em um casa de passagem da Arquidiocese de Belo Horizonte

Por Pedro Ferreira
Publicado em 15 de fevereiro de 2019 | 17:32
 
 
Venezuelanos serão transportados para BH em aeronaves da Força Aérea Brasileira Foto: FAB/Divulgação

Fugindo da fome e da miséria, 37 venezuelanos desembarcam em Belo Horizonte na noite desta sexta-feira (15), em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Eles fazem parte de um grupo de 226 pessoas que deixaram a Venezuela e que serão transferidos, até amanhã, de Boa Vista, em Roraima, para oito cidades do país: Porto Alegre e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, Curitiba e Goioerê, no Paraná, Guarulhos e a capital paulista, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O processo de interiorização dos Venezuelanos que imigravam para o Brasil chega à sua 24ª etapa.

Em Minas, os venezuelanos serão abrigados em uma residência cedida pela Congregação dos Padres Jesuítas, no bairro Campo Alegre, na região Norte, em um casa de passagem da Arquidiocese de Belo Horizonte, localizada ao lado da Igreja de Boa Viagem, na região Centro-Sul, e 11 seguirão para uma paróquia de jesuítas em Montes Claros, norte de Minas.

De acordo com o padre vicariato social da Arquidiocese de Belo Horizonte, Júlio César Gonçalves Amaral, esses serão os primeiros imigrantes venezuelanos acolhidos em Minas Gerais por meio de uma rede de parceria chamada Acolhe Minas.

“A arquidiocese se sentiu sensibilizada com a situação dos venezuelanos, de um modo especial, que estão chegando ao Brasil por Roraima, onde há cerca de 6.000 pessoas, em uma localidade mais pobre, sem recursos, rede de saúde e outros serviços. Então, eles precisam passar por esse processo de interiorização e ir para outros lugares para sair um pouco do sufoco que está lá”, disse o padre.

De acordo com o religioso, a Arquidiocese se mobilizou para criar essa casa de acolhida, assim como estão fazendo os jesuítas. Serão pontos de apoio, segundo ele, onde os venezuelanos possam chegar e procurar um emprego e um lugar de morar. “A perspectiva é ser realmente um ponto de apoio, onde eles vão ficar um tempo limitado, talvez três meses, ou mais, se precisar, para que depois possam chegar outros também, fazendo esse caminho na tentativa de conseguir um local para viver”, disse o religioso.

Os grupos que vão ficar acolhidos pelos padres jesuítas são famílias. Já os acolhidos pela Arquidiocese são 14 homens solteiros, que ficarão na casa de passagem ao lado da Igreja da Boa Viagem.

O padre Júlio explica que currículos dos imigrantes já foram encaminhados previamente para Belo Horizonte, onde há um grupo de trabalho para apoiá-los nesse sentido. A língua é uma dificuldade para eles, segundo o padre, na hora de procurar emprego. “É fundamental aprender português e já temos aulas programadas para eles, onde funciona o Serviço Jesuíta de Apoio a Migrantes e Refugiados, e buscaremos, também, voluntários para ajudar nessas aulas de português”, explica o padre.

O religioso espera que os imigrantes sejam bem aceitos pelos mineiros. “Existem muitos preconceitos, mas muitas pessoas boas, sensíveis, e a gente espera um trabalho de conscientização com a nossa comunidade, de acolhida, que entendam que eles estão saindo de lá, realmente, por uma questão de necessidade. Graças a Deus, não é conosco, mas isso também poderia acontecer conosco”, reforça o padre. “Espero muita solidariedade e compreensão das pessoas nessa acolhida”, reforça.

Os venezuelanos somente serão levados para as acomodações neste sábado de manhã. Eles chegarão hoje à noite, pelo Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, e passarão a noite em uma unidade do Exército Brasileiro, no Barro Preto, região centro-sul da capital.