CIDADES

Roubos fazem seguro aumentar até 100%

Em três anos, valor cobrado por apólice de Uno e Gol passou de R$ 800 para R$ 1.600; em fevereiro, Detran contabilizou mais de dois carros assaltados por hora.

Por ERNESTO BRAGA
Publicado em 10 de março de 2006 | 00:01
 
 
Em três anos, valor cobrado por apólice de Uno e Gol passou de R$ 800 para R$ 1.600; em fevereiro, Detran contabilizou mais de dois carros assaltados por hora.

O aumento de até 100% no valor cobrado pelas empresas de seguro retrata os altos índices de furtos e roubos de veículos em Minas, sobretudo nos últimos três anos. Em 2004, proprietários dos automóveis Gol e Fiat Uno, principais alvos dos assaltantes, pagavam em média R$ 800 a seguradoras.

Atualmente, eles não desembolsam menos de R$ 1.600. Apenas em fevereiro, o Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) contabilizou 1.638 carros furtados ou roubados, uma média de 2,27 por hora.

A alta incidência preocupa a polícia, que conseguiu reduzir essas ocorrências no ano passado (24,3 mil) em relação a 2004 (26,9 mil).

Segundo Hélcio Costa, diretor da Triunfo Corretora e Administradora de Seguros Ltda., empresa que atua em Belo Horizonte e região metropolitana há 15 anos, além do perfil dos motoristas, as seguradoras se baseiam nos índices de furtos e roubos para estabelecer os valores cobrados aos clientes.

"Por causa dos altos índices, o preço do seguro dobrou nos últimos três anos. Os criminosos preferem Gol e Uno porque têm mais facilidade para vender as peças depois que os veículos são desmanchados", explicou.

Embora não tenha apresentado dados, o chefe do Departamento de Investigações (DI) da Polícia Civil, delegado Antônio Carlos Corrêa de Faria, afirmou que a maioria dos furtos e roubos de veículos é registrada em grandes centros urbanos.

Além de Belo Horizonte, ele citou como exemplo Juiz de Fora, na Zona da Mata, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e Montes Claros, no Norte do Estado.

"Esses crimes ocorriam menos há três ou quatro anos. Um dos motivos para o aumento é a interação das quadrilhas daqui com as de outros Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo", declarou.

O assessor de imprensa do Comando de Policiamento da Capital (CPC), major Rogério Andrade, afirmou a Polícia Militar tem intensificado as ações de combate aos furtos e roubos de veículos. Segundo ele, os crimes reduziram 10% entre 2004 e 2005. No entanto, o oficial reconhece que os índices ainda estão elevados.

"São crimes que preocupam, já que Belo Horizonte tem hoje uma frota de aproximadamente 800 mil veículos", ressaltou. O oficial disse que a PM tem conhecimento dos locais e horários de maior incidência dos crimes, que não podem ser divulgados por uma questão de segurança.

"Não gostamos de fazer análises comparativas entre bairros, até porque os assaltos e furtos de veículos são sazonais", justificou. Mas o chefe do DI afirmou que os criminosos preferem regiões mais próximas aos grandes corredores de trânsito, como a Via Expressa. "São áreas com maior facilidade de fuga", disse Faria.

Cuidados
Para reduzir os índices de furtos e roubos de veículos, a PM espera a contribuição dos motoristas, que devem tomar alguns cuidados. De acordo com o major Rogério, a maior parte dos roubos a mão armada acontece quando a pessoa está entrando ou saindo da garagem com o carro.

"Nesse caso, é preciso verificar anteriormente se há algum veículo ou pedestre estranhos ao ambiente. Caso isso ocorra, a pessoa deve retardar a saída de casa ou dar uma volta no quarteirão", orientou.

Para evitar os furtos, a orientação é para que as pessoas evitem estacionar os veículos em ruas com pouco movimentação ou mal iluminadas. "Nunca deixem objetos em cima dos bancos e não se esqueçam de acionar o sistema de segurança do automóvel", disse o major Rogério.