NO COMPLEXO DE GERMANO

Samarco recebe primeiro aval para uso de novo depósito de rejeitos

Empresa pretende utilizar cava localizada em Ouro Preto para voltar a operar após o desastre em Mariana; projeto ainda depende de aprovação da Semad

Sex, 02/12/16 - 19h16

Com as operações paralisadas desde novembro de 2015, quando aconteceu a maior tragédia socioambiental brasileira devido à ruptura da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central do Estado, a Samarco deu nesta semana um primeiro passo para voltar a funcionar. A empresa, de propriedade da Vale e da BHP Billiton, obteve nessa quinta-feira (1º) a aprovação do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) – ligado ao Ministério das Minas e Energia – para utilizar uma cava localizada em Ouro Preto como depósito provisório de rejeitos. Sem contar com as estruturas danificadas no desastre, o buraco onde é extraído atualmente minério de ferro, conhecido como Alegria Sul, seria a solução encontrada pela mineradora para depositar novos rejeitos.

A cava fica dentro do complexo de Germano, que abrange os municípios de Mariana e Ouro Preto, mas está distante das barragens de Fundão e Santarém. Segundo a empresa, como o local já é explorado para a extração de minério, haverá impacto mínimo ao meio ambiente. Para começar a receber rejeitos, contudo, a Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad) ainda precisa conceder as licenças necessárias para a Samarco. Além disso, nos dias 14 e 15 deste mês, o órgão do Estado realizará uma audiência pública para debater e analisar com a população a proposta da mineradora.

“A utilização da cava, caso aprovada também pelo órgão ambiental do Estado, é a solução mais segura encontrada pela empresa para viabilizar a continuidade de suas atividades, paralisadas desde o rompimento da barragem de Fundão”, ressaltou a Samarco, em nota.

De acordo com a mineradora, a cava Alegria Sul tem capacidade para receber até 17 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A empresa afirma que demoraria dois anos para atingir o limite dessa capacidade e, depois desse período, precisará transferir os rejeitos para uma barragem, pois ainda há minério que pertence à União a ser explorado no local.

Como a empresa ainda depende da liberação da Semad, não há uma previsão para o retorno das operações. A Samarco calcula que com a paralisação em 2015 deixaram de ser recolhidos aos cofres públicos R$ 1,5 bilhão em impostos diretos. Em Minas Gerais, a perda de arrecadação foi de R$ 236 milhões, e no Espírito Santo, de R$ 70 milhões. Os valores têm como referência o ano de 2014.

"A operação da Samarco poderá garantir a manutenção dos empregos na empresa, a criação de postos de trabalho na cadeia de fornecedores e um novo impulso às economias mineira e capixaba, com reflexos na balança comercial brasileira", diz um comunicado divulgado pela mineradora.

A reportagem tentou contato com o DNPM e a Semad na noite desta sexta (2), por telefone, mas as ligações não foram atendidas.

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