Sul de Minas Gerais

Santuário para 7.000 fiéis em Cássia, em MG, vai ficar pronto em maio de 2022

Templo dedicado à santa Rita de Cássia terá réplica detalhada da casa da homenageada: construção será a maior do mundo dedicada à religiosa, segundo paróquia

Por Alex Ferreira
Publicado em 08 de junho de 2021 | 06:00
 
 
Obra se espelha em importantes templos religiosos do mundo e terá inclusive heliponto Foto: Acervo do Santuário/Divulgação

A empresária Francineide Ferreira Frota, 46, trabalhava duro nas vésperas do feriado de Corpus Christi para atender os pedidos de delivery feitos pelos clientes do pequeno supermercado da família, em Cássia, na região Sul de Minas Gerais. 

Católica desde a adolescência, ela conta que se apoia na fé para lidar com as novas demandas dos fregueses, trazidas pela pandemia, como as compras online, novidade no negócio dela. 

"Tem dias que passo os olhos nos vitrais da nossa atual igreja matriz em busca de força e ânimo. Aí me pego imaginando quando o novo templo estiver erguido, como tanta gente vai poder vir à nossa cidade em busca do mesmo refrigério, e, quem sabe, ainda alcançar um milagre, uma graça. Tenho certeza que vai ser uma benção", projeta. 

A obra a que Francineide se refere é o santuário dedicado à Santa Rita de Cássia que está sendo construído no pequeno município mineiro, que tem menos de 18 mil habitantes.

Com previsão de inauguração em maio de 2022, o prédio terá capacidade para até 7.000 fiéis – 5.000 sentados e 2.000 em pé. Administrador da paróquia, o padre Júlio César Agripino, que todos os anos celebra missas com multidões de romeiros que peregrinam a Cássia na festa da padroeira, em 22 de maio, explicou que o objetivo do santuário é ser um grande centro de acolhimento e evangelização. “Um verdadeiro estímulo à fé e à vida cristã”, detalhou. 

Ele é o futuro reitor do santuário e tem acompanhado de perto a construção desde o início, em 2018. “Tivemos receio de que a obra pudesse atrasar quando esse inimigo invisível tão poderoso chegou (a Covid-19). Mas, apesar das dificuldades do momento (da pandemia), estamos praticamente em fase de acabamentos”, celebra.

Estrutura

O novo complexo religioso terá área comercial com 48 lojas, fraldários, velário, sanitários, vestiários, restaurantes, estacionamento com 765 vagas para veículos de passeio e 155 para ônibus e heliponto com capacidade para três aeronaves.

Com inspiração em importantes templos religiosos do mundo, o projeto do santuário prevê área construída total de 100 mil metros quadrados, com igreja principal de 7.000 m². O local vai contar também com uma réplica da residência original da santa com sua decoração em detalhes. 

"Será uma reprodução perfeita da casa onde nasceu e viveu Santa Rita", observa o padre Júlio.

Obra vai custar R$ 30 milhões

Projetada pelos arquitetos Adriano Dias Agushi e Tiago Castro, a obra foi idealizada e financiada por Paulo Flávio de Melo Carvalho, empresário cassiense, que atualmente mora em Sorocaba (SP). A obra está orçada em mais de R$ 30 milhões, segundo Gustavo Bormann, o engenheiro responsável pela construção.

“O novo santuário é um projeto grandioso, pensado para dar mais acessibilidade, conforto e segurança aos visitantes, não ficando para trás de nenhum outro centro religioso”, destaca Bormann.

Megaigrejas

Nos últimos oito anos, dois templos de dimensões gigantescas estão sendo erguidos no país: o Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), que projeta capacidade para 300 mil pessoas; e a Catedral Cristo Rei, no bairro Juliana, em BH, que deve abrigar até 25 mil.

Professor de teologia da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em BH, Washington Paranhos afirma que essas construções são uma forma de a Igreja Católica lidar com as megaconstruções evangélicas, que simbolizam o aumento dos chamados “crentes” no Brasil. 

“A Igreja Católica perdeu seu monopólio e centralidade na vida social da população, enquanto os evangélicos pentecostais crescem, expandindo seus domínios e influências”, analisa o especialista. 

História

Santa Rita de Cássia nasceu em 1381, no vilarejo de Roccaporena, perto da cidade de Cascia, na Itália. Ela ficou conhecida como a “santa das causas impossíveis”.

Religiosa desde muito cedo, Rita de Cássia expressava o desejo de se tornar monja agostiniana, mas adiou a realização do sonho quando foi prometida em casamento aos 13 anos. Três anos depois, ela se casou com Paulo Ferdinando Mancini e teve dois filhos come ele. Segundo relatos, Mancini era homem rude e de temperamento bruto e acabou assassinado pouco tempo depois.

Os órfãos tentaram se vingar do assassinato do pai, então a religiosa orou a Deus dizendo que preferiria ver os filhos mortos do que em pecado. Pouco tempo depois, os dois pegaram peste bubônica e morreram.

Viúva e sem filhos, santa Rita teve três vezes negado o pedido de admissão na ordem agostiniana, por já ter sido mãe, até que conseguiu.

Ela morreu no mosteiro de Cássia, em 1457. A canonização ocorreu no ano de 1900. 

Nomenclaturas atribuídas a templos católicos e subcategorias

- Igreja. Local onde o padre exerce influência sobre uma paróquia (equivalente administrativo a um bairro).

- Paróquia. Comunidade de fiéis submetida a um padre ou território sobre o qual se estende a jurisdição do pároco.

- Santuário. Igreja digna de apreço pelas relíquias que tem, normalmente do padroeiro de uma cidade; pela afluência de devotos; ou pelas grandes graças daí obtidas. “É uma igreja ou outro lugar sagrado aonde os fiéis, em grande número, motivados especialmente pela piedade, fazem peregrinações”, explica o padre Júlio César Agripino.

- Catedral. A principal igreja de uma diocese (conjunto de paróquias), de onde o bispo repassa a padres instruções do papa. 

- Basílica. Igreja de grande porte, que tem relíquias de santos e/ou grande influência sobre determinada região ou país devido ao seu acentuado caráter espiritual.