Região metropolitana

Secretária de vereador é morta por policial civil dentro da Câmara de Contagem

Suspeito entrou pela porta da frente da Câmara e se identificou normalmente antes de cometer o crime; não havia detector de metal

Por Thalita Marinho
Publicado em 16 de maio de 2018 | 09:34
 
 
Movimentação é grande na Câmara Foto: Moisés Silva

Uma mulher foi morta dentro da Câmara Municipal de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, na manhã desta quarta-feira (16). O suspeito do crime é um escrivão da Polícia Civil. 

Ludmila Leandro Braga trabalhava com o vereador Jerson Braga Maia, o Caxicó (PPS), como assessora e secretária. Ela foi morta após ser atingida por seis tiros, na sala onde trabalhava. 

Após o crime, Cláudio Roberto Weichert Passos tentou se matar com dois tiros na cabeça, mas foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) com vida e levado em estado gravíssimo para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII.

Ele trabalha como escrivão da Polícia Civil há 15 anos e é lotado em Betim, também na região metropolitana. 

Ameaças

Ludmila sofria ameaças do escrivão há dois meses. Segundo amigos da vítima, o policial era agressivo e possessivo, o que resultou no fim do relacionamento.

Ela teria tomado a decisão há pouco mais de uma semana, e aí começaram as ameaças. Segundo os amigos, quem passava pela sala onde a vítima trabalhava conseguia ouvir as conversas telefônicas do casal, aos gritos.

"Almoçávamos todos os dias juntas e ela estava reclamando há pelo menos dois meses que ele estava muito agressivo e que era muito possessivo", contou uma amiga da vítima, que preferiu não se identificar.

Ela deixou duas filhas. A família esteve na Câmara Municipal, mas não quis comentar o crime. 

Sem detector de metais

A sala em que a vítima estava era uma das primeiras da Câmara Municipal e o suspeito entrou pela porta da frente, às 9h. Ele realizou todo o procedimento para visitantes na Câmara, que consiste em mostrar a identidade e tirar foto.

Os detectores de metais não estavam funcionando. O presidente da Comissão de Segurança da Câmara, Leo Mota (PSL), disse que detectores e câmeras de segurança estavam sendo instalados no local.

Polícia Civil

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) divulgou uma nota de esclarecimento informando que todas as providências cabíveis ao crime já estão sendo tomadas.

Segundo o órgão, as investigações iniciaram-se imediatamente após o fato e estão sob responsabilidade da Delegacia de Homicídios em Contagem.

Os trabalhos investigativos estão sendo acompanhados pela Corregedoria-Geral de Polícia Civil até a conclusão do inquérito.

A Câmara de Contagem

Como a Câmara foi evacuada, ninguém foi encontrado para falar sobre o caso.  A reportagem também tentou contato com o vereador Caxicó, mas não conseguiu falar com ele. 

Feminicídio

Este é o segundo crime envolvendo policial civil somente nesta semana. A secretária de Desenvolvimento Social e Habitação, Luzia Ferreira, mostra-se preocupada com a situação.

"É preciso criar saídas para que este tipo de crime seja evitado. Hoje a família dela chora, mas a família dele também. Deve ser muito devastador para uma mãe ver o filho cometer um crime desse", declarou.

Atualizada às 14h33