Manifestação

Sem teto ocupam hipermercado da Pampulha e exigem cestas básicas

Alimentos seriam doados para famílias carentes de movimentos sociais de BH e região metropolitana; loja não atendeu à reivindicação

Ter, 23/12/14 - 18h34

Cerca de 70 manifestantes do movimento dos Sem Teto ocupam um supermercado no bairro Itapoã, região da Pampulha, em Belo Horizonte, na noite desta terça-feira (23).

De acordo com a Polícia Militar, o grupo está próximo aos caixas do Via Brasil e exige a distribuição de cestas básicas para famílias carentes de diversos movimentos sociais de BH e região. Segundo representantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), o número de manifestantes é de 150.

Charlene Cristina, da comunidade Rosa Leão, no vetor Norte da capital, disse que eles chegaram a encaminhar ofícios, fazendo o pedido de doação das cestas pra diversos supermercados, mas que o Via Brasil nem sequer os recebeu. "Queremos solidariedade com as famílias das ocupações que também constroem a cidade. Estamos aqui pelo benefício do nosso Natal. Natal é consumo, mas também é preciso solidariedade", reclamou. Charlene disse ainda que ações como essa são realizadas, nesta terça (23), por movimentos similares, em todo o Brasil, dentro da campanha "Natal sem fome e sem miséria". No ano passado, o grupo fez a mesma reivindicação em um supermercado do bairro Santa Efigênia, região Leste da capital.

O MLB, representado por moradores das ocupações Vitória e Esperança, também da região Norte; Barreirinho, de Ibirité, Eliana Silva, do Barreiro e outra de Betim, na Grande BH, pede 300 cestas básicas, mas o hipermercado teria oferecido apenas 50.

Cássio Guilherme Coutinho, diretor comercial do Via Brasil, nega a informação, e diz que a situação não é justa. Segundo ele, a empresa já participa de outras campanhas de solidariedade, e que dessa forma não é possível. "Somos uma empresa séria e honesta. Estamos aqui há 56 anos. Isso que eles estão fazendo não é ético, não é certo, e não vamos dar as cestas", afirmou.

Conforme a PM, foi cogitado um possível arrastão, mas a situação é tranquila e, por ora, nenhuma medida de força foi tomada no protesto. "Não queremos criar um impacto ainda maior. Vamos agir se houver crime, mas esta tudo pacífico. Conversamos o tempo inteiro", explicou o tenente Ronne Rodrigues, do 13º batalhão.

Clientes

A cliente Inês Maria do Carmo, de 45 anos, ficou incomodada com a situação. "Vim fazer vários tipos de compra e não consegui, porque todas as outras lojas (do mini-shopping anexo) também estão fechadas. Lá dentro tinha diversas crianças pedindo dinheiro para a caixinha de Natal deles... Isso me atrapalhou bastante".

Já a estudante Thais Rais, 18, se sensibilizou com o protesto e decidiu ajudar. "Estava aqui por acaso e apoio esse movimento. Quando vi, decidi doar uma cesta. Até chamei as pessoas para doarem comigo, mas a maioria olhou com cara feia e não quis", lamentou.

Atualizada às 21h30

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