Insegurança

Serra do Cipó terá mais policiais para atrair turistas

Região marcada por morte de casal em 2014 reforça segurança e espera volta de visitantes

Ter, 13/01/15 - 03h00

Pouco mais de um ano após o duplo homicídio que assustou frequentadores e afugentou quase 60% dos turistas da Serra do Cipó, na região Central de Minas, o tradicional refúgio de belezas naturais vai ganhar reforço no policiamento. Ao longo do último ano, o medo que rondava a pequena Santana do Riacho, palco dos assassinatos do advogado Alexandre Werneck de Oliveira, 46, e da namorada dele, Lívia Viggiano Rocha Silveira, 39, em janeiro de 2014, foi acabando, e, aos poucos, a região vê o sossego voltar às cachoeiras e pousadas. Ainda assim, na expectativa por mais movimento no restante do mês e também no Carnaval, a Polícia Militar (PM) promete mais segurança para o local.


De acordo a Polícia Militar, a Serra do Cipó recebeu, neste início de 2015, um aumento de 30% no efetivo de militares, e contará, ainda em janeiro, com um reforço de policiais de cidades vizinhas – o número exato não foi informado. Nos fins de semana de alta temporada, o fluxo de visitantes somente no Parque Nacional da Serra do Cipó chega a 20 mil pessoas.

Comandante de policiamento do local, o tenente Murilo Melo afirma que desde a morte do casal a Polícia Militar tem estado mais presente na região e nenhuma outra ocorrência grave foi registrada. “Aumentamos a realização de rondas rotineiras nos principais pontos turísticos. Para isso, estamos fazendo também, desde o ano passado, um patrulhamento com bicicletas para facilitar o acesso dos militares a determinados locais”, explicou o tenente.

Para donos de hotéis e pousadas, o latrocínio foi um “fato isolado”. “Aqui é muito tranquilo e acho que isso somente deturpou a imagem da região. A grande maioria das pousadas da cidade conta com esquema de segurança e qualquer um pode vir com tranquilidade para cá”, diz a empresária Raquel Machado.

Mesma avaliação do secretário de Turismo e Meio Ambiente de Santana do Riacho, Gustavo Campos. “Nossa cidade é a principal porta de entrada para o parque, e toda a mídia negativa, na época do crime, acabou resultando em baixa de quase 60% dos visitantes nos meses posteriores ao incidente. Foi algo muito prejudicial e também irreal, pois não estamos sofrendo um surto de violência aqui. Pelo contrário”.

Apesar disso, alguns turistas ainda transitam desconfiados. No mirante onde o casal foi assaltado em 3 de janeiro do ano passado, para depois ser assassinado, uma certa insegurança ronda quem vai ao lugar. “Assustei-me muito quando isso ocorreu, e a gente vem para cá com muita atenção. Acho até que deveria existir uma guarita da PM aqui (no mirante) para dar mais tranquilidade. Mas, como um todo, não tenho nada a reclamar. Essa serra é um paraíso”, disse o aposentado Rogério Conte, 50.

Investigação. Presos pelos homicídios dos namorados em janeiro do ano passado, Helton Moreira de Castro, 20, e Marcos Magno Peixoto Faria, 26, permanecem detidos no presídio Inspetor José Martinho Drummond, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. À época, a dupla confessou o crime.

Castro foi condenado a 48 anos de prisão pelos duplos crimes de latrocínio e ocultação de cadáver, além de estupro. Já Faria teve o processo desmembrado ao ter alegado insanidade mental. Ele tem uma audiência de instrução marcada para fevereiro, mas não há data para julgamento, segundo informação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Furtos
Crime
. De acordo com a Polícia Militar, o furto de veículos é o crime mais comum na região da Serra do Cipó. Embora alegue que as ocorrências estejam em queda desde o ano passado, a corporação não detalhou as estatísticas à reportagem e também não revelou o número de militares que patrulham o local atualmente. No ano passado, a Serra do Cipó contava com 20 policiais.

Relembre o caso
2.1.2014
.Semanas após reatarem o namoro, Alexandre Werneck de Oliveira, 46, e Lívia Viggiano Rocha Silveira, 39, chegam à Pousada Hotel Cipó Veraneio, na Serra do Cipó, para passar um fim de semana.

3.1.2014. Eles saem da pousada por volta das 18h. Os dois são abordados por criminosos em um mirante e levados até a margem do rio Santo Antônio, a 10 km de Conceição do Mato Dentro. No local, Helton Moreira de Castro, 19, e Marcos Magno Peixoto Faria, 25, matam Alexandre com quatro tiros, estupram Lívia e a matam com dois tiros.

Os criminosos pegam os celulares e R$ 170 das vítimas e jogam os corpos no rio. O carro de Alexandre é queimado.

7.1.2014. Os suspeitos são presos e confessam o crime à polícia, que chegou até os dois após localizar um deles, na cidade, com parte do rosto queimado.

8.1.2014. Os corpos de Alexandre e Lívia são encontrados no rio.

21.1.2014. Os dois suspeitos são indiciados pelos crimes de duplo latrocínio (roubo seguido de morte), ocultação de cadáver e estupro.

16.9.2014. Castro é condenado pela Justiça em Conceição do Mato Dentro a 48 anos de prisão.

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