CRISE HÍDRICA

Sistemas improvisados podem ajudar na economia de água

Saiba como criar em casa um projeto barato de captação de água de chuva e conseguir atingir a meta de economia recomendada

Sex, 30/01/15 - 16h40

Em tempos de crise hídrica e, consequentemente, medidas já anunciadas como rodízio e racionamento no abastecimento de água, o jeito é improvisar. Mesmo com o gasto de água para o consumo caseiro sendo considerado mínimo, a população acaba tendo que pagar a conta. Sistemas improvisados de captação de água da chuva como uma alternativa de economia estão sendo desenvolvidos em alguns quintais, mas será que é a melhor saída?

Para o professor de Engenharia Hidráulica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Nilo Nascimento, o melhor é contratar um profissional para criar o projeto. “É melhor evitar riscos e contratar um projeto de engenharia de instalação hidráulica para captação de água de chuva. O dimensionamento deste sistema não é muito simples, sem falar que deve-se tomar um cuidado extremo para que a água potável não entre em contato com essa água da chuva”, explica.

Além disso, o engenheiro cita como um dos riscos do sistema caseiro a falta de cálculos para que o reservatório não transborde. “Se o reservatório for muito pequeno em relação a demanda de chuvas, a água vai acabar transbordando. Se for um sistema muito grande, vai acabar gerando um custo elevado que não vai ser compensado pela economia”, considera.

Já para o também professor de engenharia hidráulica da UFMG Márcio Baptista, um leigo pode tranquilamente criar este sistema em casa.

“Isso é muito simples de se fazer. Geralmente, você capta essa água do telhado, das calhas. Essa água é conduzida por uma tubulação até um reservatório que pode ser improvisado. Um tambor, por exemplo. Em alguns casos, essa estrutura pode até ser integrada arquitetonicamente à sua casa”, ensina.

 

Segundo ele, a água da chuva pode até mesmo servir para o acionamento do vaso sanitário, o que implica em criar outra tubulação na casa.No caso de um sistema externo, com o uso de materiais acessíveis e de baixo custo, como canos de PVC e tambores, a água da chuva passa pela tubulação e vai para o reservatório. “Essa água pode até passar por um processo simples de filtração, já que nas calhas do telhado pode ter muitas folhas e alguma sujeira. Mas esse filtro também é algo simples de se acoplar no sistema, uma telinha na entrada do cano, por exemplo, já resolve, evita que entre folhas e retém o material sólido”, explica Baptista.

Já o tamanho do reservatório, depende da demanda de água em cada casa. Pode-se utilizar um tambor de 200 litros ou mesmo uma piscina de 4 mil litros.

“É importante lembrar que essa água não deve em hipótese alguma ser utilizada para beber, porque a água da chuva traz poluição. Mas fora isso, o sistema é simples e eficiente para se economizar água. Há alguns anos, inclusive, esse projeto foi muito incentivado na Europa, e tem algumas regiões, como Paris, que em um período de 10 anos conseguiram uma economia de cerca de 30% na água, coincidentemente o valor que tem se pedido para o cidadão economizar aqui em meio a essa crise hídrica”, explica. 

É possível encontrar tambores de plástico para armazenamento de água a partir de R$ 100 o de 200 litros, e alguns já vem até com uma torneirinha acoplada. Já os canos de PVC têm o preço variável de acordo com largura e tamanho, sendo encontrados valores a partir de R$ 5. As telinhas podem ser improvisadas com algum material que já se tenha em casa, ou no mercado, em torno de R$ 20 por metro no estilo mosqueteiro. 

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