Maternidade

Sofia Feldman quita salários atrasados e Kalil anuncia novo repasse

Segundo o prefeito, o valor destinando nesta quarta é para "aliviar o orçamento da maternidade no mês de outubro"

Qua, 18/10/17 - 11h17

Após funcionários do hospital Sofia Feldman paralisarem as suas atividades na última segunda-feira e ameaçarem fazer uma greve devido a salários atrasados, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) se reuniu com a direção do hospital ontem e anunciou a liberação de uma verba de R$ 1 milhão para a instituição, que tem a maior maternidade do país e enfrenta uma crise financeira. A prefeitura também fechou um acordo para facilitar a quitação da dívida do hospital com o município e anunciou que vai assumir os custos do banco de leite do Sofia Feldman.

A direção do Sofia Feldman informou que quitou na última terça-feira todos os salários dos servidores, referentes a atrasos de agosto e setembro. Já a verba de R$ 1 milhão é referente a um adiantamento do Executivo de valores que seriam repassados posteriormente. O dinheiro, contudo, deve suprir apenas o orçamento do mês de outubro. Segundo a instituição, o hospital tem um déficit mensal estimado em aproximadamente R$ 1,7 milhão.

Para Anderson Rodrigues, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Minas Gerais (Seemg), adiantamento não é solução. “É um problema crônico. Tem que parar de atrasar e entender a real situação da gestão do hospital. O Kalil adianta um dinheiro aqui, o Estado vem com outra verba ali, mas isso não resolve”, afirmou.

A estimativa é que o Sofia Feldman tenha um gasto mensal de mais de R$ 5 milhões e um gasto de R$ 6,5 milhões. Com um quadro de aproximadamente 1.100 funcionários e cerca de 900 partos ao mês, o hospital não tem conseguido suprir todas as demandas.

“Eles não aguentam pagar. A medida vai dar fôlego mas temos que fazer um esforço maior para o hospital. Temos que resolver definitivamente a situação e vamos cobrar as coisas que faltam”, afirmou Kalil.

Além do adiantamento de R$ 1 milhão, que será liberado assim que o Termo de Cooperação for assinado, o prefeito também informou que vai facilitar ao hospital o pagamento da dívida referente ao adiantamento de R$ 5 milhões feito em março deste ano. Na ocasião, a dívida foi financiada em dez parcelas de R$ 500.000, tendo sido quitadas três até o momento. Agora, valor foi refinanciado em 14 parcelas de R$ 250.000. O adiantamento de R$ 1 milhão será cobrado em quatro parcelas de R$ 250.000.

O prefeito também anunciou que a prefeitura vai passar a cuidar de forma integral do banco de leite do hospital, que foi inaugurado em junho deste ano e já pasteurizou 112 litros de leite humano, o equivalente a 370 frascos. O custo mensal do banco é de R$ 60.000. Com a decisão da prefeitura, hospital deve economizar cerca de R$ 720.000 ao ano. O acordo também prevê que o leite armazenado no Sofia Feldman seja distribuído aos hospitais Odilon Behrens e Risoleta Neves.

Segundo a direção do hospital, todos os recursos recebidos são encaminhados inicialmente a prefeitura, que é a responsável pelos repasses. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que está em dia com os repasses para o hospital. Nesta semana, foram repassados mais de R$ 1 milhão e na semana passada R$ 1,3 milhão foram repassados ao Fundo Municipal de Saúde.

Já o Ministério da Saúde informou que repassou para Belo Horizonte R$ 1,1 bilhão no ano passado e R$ 979,8 milhões em 2017. Desses, o Hospital Sofia Feldman recebe anualmente R$ 26,5 milhões.

Atendimento. Além das mães e crianças de Belo Horizonte, o Hospital Sofia Feldman também recebe demanda de outros 300 municípios de Minas Gerais, o equivalente a 35% do Estado. Segundo Ivo Lopes, diretor do Hospital, demanda é grande e verba curta.

“O Estado tem que entender que muitos municípios são do interior. Tem mãe que vem de longe andando 300 km para ganhar menino porque falta esse recurso na sua cidade de origem que são municípios de pequeno porte. Então é uma questão de vida, de ética e a gente tem que garantir isso”, afirmou.

Ainda segundo Lopes, a reunião com o prefeito Alexandre Kalil também abordou o assunto e o prefeito se comprometeu a conversar com o governador Fernando Pimentel. “Nós não vamos reduzir nenhum serviço, mas o Kalil vai conversar com o Pimentel para ver se aumenta algum recurso”, afirmou.

Fechamento. O diretor do Hospital Sofia Feldman, Ivo Lopes, descartou momentaneamente a possibilidade de reduzir algum dos 185 leitos da instituição, mas afirmou que espera uma mudança por parte das autoridades.

Estrutura. O Hospital Sofia Feldman possui 185 leitos, sendo 87 obstétricos,  41 em Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTI), 45 em Unidade de Cuidados Intemediários Neonatais (UCI) e 12 de outras clínicas. São realizados cerca de 900 partos ao mês.  São 1.500 internações e 8.500 atendimentos ambulatoriais. São oferecidos atendimentos a partos e nascimentos (sendo 40% de gestação de risco), atendimentos a gestantes de risco, atendimentos neonatais (recém-nascidos prematuros e de alto risco), cirurgias ginecológicas e vasectomias.

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