Bairro Aparecida

Suspeito de mandar atear fogo em garagem de ônibus em BH é concorrente do ramo

Empresário e o primo dele que foi flagrado em imagens de câmeras de segurança provocando o início do incêndio foram presos. Dez ônibus foram queimados e prejuízo é de R$ 10 milhões

Por Alex Ferreira
Publicado em 15 de junho de 2021 | 18:30
 
 
Fogo danificou 10 veículos Foto: Cristiane Mattos

Às 6h13 dessa terça-feira (15), um homem foi flagrado saindo de uma garagem de ônibus no bairro Aparecida, na região Noroeste de BH. Atrás dele, chamas já tomavam conta dos dez veículos estacionados no local. Em pouco tempo, os coletivos foram destruídos pelo fogo. O crime deixou um prejuízo de R$ 10 milhões, além de muito susto para quem acordou com a fumaça preta. No fim da tarde dessa terça-feira, a Polícia Civil prendeu o suposto mandante e o suspeito de atear fogo no galpão.

“Infelizmente não tenho seguro e perdi todos os meus ônibus, contabilizei uma perda de R$ 10 milhões. Estou arrasado, mas vou levantar a cabeça e agradecer a Deus que ninguém se machucou”, desabafou o dono do estabelecimento, João Raimundo dos Santos, de 60 anos, que chegou em Belo Horizonte para tentar uma vida melhor na década de 1980.

O motivo

O delegado Artur Neves Vieira, da 4a delegacia de Polícia Civil Noroeste, informou que o suposto mandante do incêndio tem 35 anos. Ele seria um rival comercial de João. A vítima estaria vendendo pacotes turísticos por preços baixos. “Seus transportes estavam mais em conta, o que estava prejudicando seus concorrentes”, detalhou o delegado.

Além disso, João havia sido testemunha em um processo em que o detido havia sido preso, pela Polícia Federal, por tráfico de drogas. Para prejudicar o rival e se vingar, ele, então, contratou um homem, de 39, que seria seu primo, para incendiar os veículos.

O suposto mandante do crime foi encontrado nesta tarde e o segundo suspeito no início da noite. O delegado Artur Neves Vieira informou também que os dois presos não confessaram o crime. 

O homem que teria “contratado o serviço” tem uma empresa de transporte e se limitou a dizer que deixou o outro suspeito nas imediações da garagem ontem, mas que não sabe o que o ele teria feito após a carona. Mas as roupas usadas no crime foram achadas com ele. 

Prisão

Com a ajuda de testemunhas e outras provas, a polícia chegou até a empresa do suposto mandante, no centro da capital.  Ele estava com o carro utilizado no crime, e ainda guardava as roupas usadas pelo comparsa. Mais tarde, em Betim, na região metropolitana, a policia achou o outro suspeito, que aparece nas filmagens.

Investigação

A Polícia Civil trabalha com duas hipóteses para explicar o crime. A primeira seria que o preço praticado pela empresa da vítima seria bem mais abaixo do que o oferecido pelos concorrentes na região, o que poderia estar prejudicando os negócios do suspeito. 

Já a segunda possibilidade diz respeito à uma antiga desavença motivada pelo fato da vítima ter testemunhado contra o suspeito em um processo de tráfico de drogas em 2015.

“O suspeito já foi preso por tráfico de drogas, em ocasião que transportava drogas em ônibus, também interestadual. Esse ônibus onde a droga foi encontrada teria sido vendido pela vítima, que também foi testemunha nesse processo criminal”, informou o delegado Artur Neves Vieira.

Os dois envolvidos serão autuados por crimes de incêndio, com pena que pode chegar a seis anos de prisão e multa.

Matéria atualizada às 19h58.