EM POÇOS DE CALDAS

Tenente-coronel viaja e 'pede' que militares façam ronda em sua casa

Durante 24 dias, conforme ordem de serviço, policiais teriam que fazer até ponto base na rua; assessoria da corporação afirma que procedimento é normal e qualquer pessoa pode solicitar; moradores não conhecem "novo serviço"

Seg, 03/11/14 - 12h28
Ronda foi autorizada por um tenente | Foto: Reprodução/WhatsApp

Viajar a negócios ou a passeio e ter que deixar a casa sozinha é a preocupação de muitos brasileiros. Porém, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, um tenente-coronel não teve com o que se preocupar. Antes de embarcar para o exterior, o policial “pediu” que militares fizessem rondas periódicas e até um ponto base na rua de sua residência. A solicitação terminou na última sexta-feira (31) e, segundo a assessoria de imprensa da corporação da cidade, não houve nada de anormal no pedido.

De acordo com o chefe de imprensa, capitão Luiz Fernando Batista, qualquer outro morador do município que viaje pode solicitar que policiais façam ronda em sua rua. No entanto, o serviço não é garantido.

“Qualquer informação que possa ajudar a diminuir a criminalidade é bem-vinda. A ronda não foi feita por ele ser um militar. Outro cidadão que precise, em residência ou em comércio pode solicitar”, explicou.

No entanto, o pedido não garante que o serviço será realizado. “O comandante da região que será o responsável por analisar o pedido e, de acordo com os critérios dele, autorizar ou não”, disse o capitão.

No caso do tenente-coronel que foi beneficiado pela ronda, o assessor não soube informar porque as rondas foram autorizadas e quantas vezes foram feitas. A reportagem de O TEMPO tentou contato com o comandante responsável pela 162ª Companhia, mas as ligações não foram atendidas.

Apesar do capitão dizer que qualquer pessoa tem o direito do serviço, moradores de Poços de Caldas descordaram da afirmação e criticaram a corporação.

“Não conheço o serviço e espero nunca precisar. Sei que eles não fariam ronda aqui. Nem o serviço que é de obrigação estão fazendo bem”, reclamou o comerciante Sílvio dos Santos, de 62 anos.

Já o morador João Oscar Miguel, 54, afirmou que, em três anos, o índice de criminalidade aumentou na cidade. “Nasci e fui criado aqui. O serviço da polícia de três anos para cá é falho. Nem quando precisamos para ocorrência somos atendidos”, desabafou o vendedor.

A ordem de serviço

O documento que circulou pelas redes sociais com a autorização da ronda traz a assinatura de um tenente. A ordem de serviço  especifica que a ronda deveria ser feita do dia 8 ao dia 31 de outubro.

O comunicado destaca que o morador é um tenente-coronel e que, além de rondas e ponto base, os militares também teriam que fazer contato com os vizinhos do policial.

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