Protesto

Tradicional abraço à Serra da Moeda homenageia as vítimas de Brumadinho

O participantes vestiram preto para simbolizar o luto pelas vítimas do rompimento das barragens

Por Da redação
Publicado em 21 de abril de 2019 | 16:45
 
 
Abrace Serra da Moeda Foto: Moisés Silva/Divulgação

Cerca de três mil pessoas participaram do 12º Abrace a Serra da Moeda, na manhã deste domingo (21), no Topo do Mundo, em Brumadinho.

Diferentemente das 11 edições anteriores, em que os participantes sempre usaram uma camisa branca, nesta, a cor preta foi escolhida pelos organizadores para simbolizar o luto pelas vítimas do rompimento das barragens de Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro, que deixou, até o momento, 231 mortos e 46 desaparecidos.

De acordo com a  presidente da ONG Abrace a Serra da Moeda, Cristina Vignolo, este protesto acontece, fundamentalmente, para exigir uma mudança de rumo na condução das políticas econômicas, que vem comprometendo a capacidade de prevenir a sociedade de desastres causados por grandes empreendimentos poluidores. 

“Mais que responsabilizar os envolvidos nesse crime, é preciso evitar que situações semelhantes sejam repetidas”, ressaltou.

O momento marcante do protesto foi às 12h38—mesmo horário do rompimento das barragens da Vale—quando um enorme cordão humano se formou no cume da serra para simbolizar o abraço. 

Falas de ambientalistas em repúdio ao crime ambiental cometido pela Vale, marcaram o evento. Além disso, houve a leitura de uma carta, em homenagem aos bombeiros que atuaram na tragédia, escrita pela menina Helena Silva, de 10 anos, moradora de Congonhas, região Central do estado. O texto sensibilizou a corporação na época do rompimento.

Durante o evento, houve, também intervenções artíticas. 

Cobrança

Além de trazer à tona o crime ambiental cometido pela Vale em Brumadinho, a 12ª edição do Abrace a Serra da Moeda continuou exigindo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e  Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), responsabilidade com a segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Isso porque o órgão ambiental estadual vem se posicionando favorável à viabilidade de empreendimentos que produzem significativos impactos, especialmente na Serra da Moeda, sem qualquer estudo conclusivo acerca da viabilidade hídrica dessas atividades. 

Um desses empreendimentos denunciados pela ONG é a fábrica da Coca-Cola FEMSA, que, segundo a ONG, desde a sua instalação, em meados de 2015, em Itabirito, vem reduzindo drasticamente a vazão de nascentes da região para abastecer seus poços; e o CSul Lagoa dos Ingleses, um megacomplexo, que será construído em torno do Alphaville, no município de Nova Lima.

Segundo a a Coca-Cola FEMSA Brasil, porém, "não há evidências técnicas de que os poços que abastecem a fábrica estejam interferindo nas nascentes nem no rebaixamento de aquíferos. Essa afirmativa se dá com base nos resultados obtidos no estudo hidrogeológico elaborado pela empresa Schlumberger Water Services, que visou, entre outros objetivos, averiguar se haveria relação entre a captação de água dos poços utilizados para fornecer água à operação da Coca-Cola FEMSA Brasil Itabirito e a redução de vazão em nascentes próximas", informou via nota. "Importante reforçar que a elaboração desse estudo técnico foi acompanhada pela comunidade e por ONGs do entorno. Para a Coca-Cola FEMSA Brasil, o respeito às pessoas e ao meio ambiente faz parte dos valores e atitudes presentes no relacionamento com todos aqueles que participam do dia a dia da empresa", destacou a empresa no mesmo comunicado.