Carlos Prates

Travesti é achada morta em apartamento em BH e comove internautas

A vítima, Mirella de Carlo, 39, era ativista do movimento LGBT bastante conhecida, o que gerou uma grande repercussão nas redes sociais

Seg, 20/02/17 - 15h02
Mirella foi premiada no dia 31 de janeiro como travesti mais participativa de 2016 na comunidade Mundo T-Girl | Foto: REPRODUÇÃO / FACEBOOK

A Polícia Civil (PC) investiga a morte de uma travesti, encontrada neste domingo (19) com sinais de violência no interior de seu apartamento, no bairro Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte. Mirella de Carlo, de 39 anos, era uma ativista do movimento LGBT bastante conhecida em todo o país, sendo que seu assassinato gerou uma grande comoção nas redes sociais. 

Conforme o registro feito pela Polícia Militar (PM), o corpo da vítima foi localizado no início da tarde por uma amiga que vivia no mesmo apartamento. O edifício, localizado na rua Passos, seria, ainda de acordo com a corporação, utilizado como moradia e ponto de encontro de programas sexuais de várias travestis.

A amiga que achou o corpo de Mirella relatou aos policiais que saiu de casa por volta de 1h do domingo. Antes de sair ela teria conversado com a vítima, que estaria com um semblante triste e disse que ficaria em casa para descansar. Quando chegou, por volta das 7h, ela viu a porta do quarto da travesti fechada e pensou que ela poderia estar atendendo um cliente ou dormindo.

Quando acordou, já ao meio-dia, a amiga notou que a porta continuava fechada e resolveu abrir, encontrando Mirella nua, caída no chão e com uma toalha enrolada em seu pescoço. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou que ela já estava morta. Ainda de acordo com a PM, haviam vários preservativos no chão.

Uma outra testemunha, que é locatária de todos os apartamentos do local e que os aluga para outras travestis, contou aos policiais que chegou a conversar com a vítima por telefone na madrugada. Durante a ligação, foi possível ouvir o interfone do apartamento tocando antes de Mirella dizer que precisaria desligar para atender um cliente.

A morte é investigada pela delegada Adriana Rosa, da Delegacia de Homicídios Noroeste, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil. O caso já está em apuração sobre a autoria e a motivação, mas até o momento ninguém foi preso. 

"Ela não se metia em confusão", diz amiga

A vice-presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos/MG), Anyky Lima, conta que morou com Mirella durante muito tempo e que a amiga era muito conhecida em todo o país por sua militância nos direitos humanos.

"Era uma pessoa muito querida, todo mundo gostava muito dela. Ela não se metia em confusão, não se incomodava com nada nem ninguém. Se ela estivesse doente, acho que a gente se conformava. Mas foi uma morte muito violenta. O irmão dela já veio aqui em casa e saiu para ir ao Instituto Médico-Legal (IML) para liberar o corpo. Agora estamos correndo atrás de tentar com os órgãos competentes o translado para Aracaju, sua terra", explica.

Anyky aproveitou para cobrar respeito da população. "As pessoas precisam respeitar ela como mulher. A família dela já está muito atormentada. É preciso que respeitem e não nos culpem pela própria morte, como sempre é feito com a população trans. Alguns veículos não respeitaram sua identidade de gênero, o que revoltou muita gente. Ela era uma mulher trans muito bonita, e só queremos que quem fez isso seja preso", finalizou. 

Atualizada às 16h04

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