Violência sexual

Treinador suspeito de estuprar crianças na Pampulha foi demitido, diz clube

O homem de 56 anos está preso desde a última terça-feira (13), quando o pai de um de seus alunos o denunciou por abusar sexualmente de seu filho

Seg, 19/08/19 - 11h29
Estupros e casos de abuso sexual aconteceram durante as aulas de futebol nas dependências do clube | Foto: Reprodução/Google StreetView

Suspeito de abusar sexualmente de, pelo menos, quatro crianças em um clube no bairro Braúnas, região da Pampulha, o técnico que ministrava aulas de futebol para os meninos foi demitido por justa causa e proibido de frequentar as dependências da Associação Recreativa Progresso.

A informação foi confirmada pela diretoria do Clube Progresso, local onde os estupros teriam acontecido, em nota enviada à reportagem de O TEMPO na tarde desse domingo (18). 

No documento, representantes da instituição garatem que estão "consternados, surpresos e manifestam seu mais veemente repúdio aos lamentáveis acontecimentos". A diretoria publicou que está à disposição das autoridades competentes para prestar esclarecimentos. 

O suspeito está preso desde a última terça-feira (19), após denúncias do pai de uma das quatro crianças e adolescentes com idades entre 10 e 15 anos que teriam sofrido abusos por parte do treinador. Há dez meses, o filho do denunciante participa das aulas de futebol na escolinha do Clube Progresso e, como contou aos militares, é abusado desde abril deste ano. 

Após a prisão, o técnico negou todas as acusações. A Polícia Civil convocou uma coletiva para o fim da manhã desta segunda-feira (19), na qual Elenice Batista, delegada à frente do caso, prestará esclarecimentos sobre o caso. As denúncias são investigadas pela  Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca). 

Relembre

Exibir vídeos pornográficos, alisar o corpo, tirar as roupas e estuprar foram alguns dos crimes supostamente cometidos pelo treinador da escolinha de futebol, de 56 anos, contra seus alunos menores de idade em um clube no bairro Braúnas, na região da Pampulha. 

Era por volta das 12h40 de terça-feira (13) quando a Polícia Militar foi acionada pelo pai de uma das crianças para denunciar o clube como espaço utilizado para estupro de seu filho e abuso de outros menores. Há 10 meses o menino treina futebol na escolinha e, como contou aos militares, os abusos foram iniciados ainda em abril deste ano.

Na primeira vez, o técnico liberou as outras crianças para que realizassem treinamento na areia e ficou no campo com este menino, em seguida ele teria tirado o short da criança e alisado suas nádegas. Foram outros quatro episódios de abusos sofridos por ele, o último em maio, quando o homem colocou o dedo em suas partes íntimas. O menino disse não ter sido ameaçado para esconder da família e contou ter visto seu técnico alisando as nádegas de outro menino em uma das oportunidades. 

Na ocasião em que a denúncia foi realizada à polícia, outros três menores também apontaram ter sido violentados pelo homem de 56 anos. Um deles, de apenas 11 anos, contou que os abusos tiveram início em março, quando ele foi até o clube para comprar o uniforme da escolinha. Durante sua troca de roupa no vestiário, o professor teria entrado, o visto pelado e dito: "que bundão".

No mês seguinte, quando seguia para o campo com as outras crianças, o pré-adolescente foi surpreendido por um tapa na bunda dado pelo técnico. Segundo a vítima, em outro momento, o professor foi visto por ele alisando um outro colega que estava sem shorts e, este menino, contou a ele que ganhou R$ 50 após o abuso. 

O outro menino de 11 anos relatou aos militares que a série de abusos contra ele foram iniciadas no dia em que o técnico pediu que chegasse mais cedo para a aula. No clube, o homem teria chamado o menino para uma área onde existem chalés e, lá, exibiu em seu celular vídeos pornográficos.

Em seguida, o professor teria pedido que o menino tirasse o short, mas ele negou, o homem insistiu e enfiou as mãos por debaixo da roupa da criança, onde acariciou suas partes íntimas. Nessa ocasião, o técnico ainda o teria estuprado.

Num outro dia, o suspeito teria se aproveitado do instante em que ele dobrava coletes para "chegar por trás" e esfregar seu órgão sexual nele, mordendo ainda seu pescoço. Ainda segundo a criança, o professor sempre oferecia entre R$ 5 e R$ 10 a ele após abusá-lo e ainda teria dito em algumas oportunidades que o menino não deveria contar nada a ninguém, já que se ele contasse "acabaria a escolinha de futebol". 

Há um ano participando dos treinamentos na associação esportiva, o último dos menores denunciantes, um adolescente de 15 anos contou ter sido obrigado a manter relações sexuais com o homem. O jovem explicou que o primeiro abuso aconteceu em setembro passado. Àquela época, o técnico fingia brincar para alisar sua barriga e suas nádegas, por cima da roupa.

Noutras oportunidades, o homem teria pedido que o menino praticasse sexo oral nele e, nos últimos três meses, alisava o corpo do adolescente e penetrava o dedo em seu ânus. Na última sexta-feira (9), o técnico o levou para uma área de mata no clube, próximo aos chalés, obrigou o menino a assistir vídeos pornográficos e introduziu seu pênis nele.

Leia a nota de repúdio do clube na íntegra:

"A Associação Recreativa Progreso, por intermédio de seus Diretores, informa que está consternada, surpresa e manifesta seu mais veemente repudio aos lamentáveis acontecimentos. Diante do fato a Associação já está tomando as medidas cabíveis como a demissão por justa causa do funcionário e a proibição de frequentar as dependências da associação. Nos colocando à disposição das autoridades competentes para prestar esclarecimento que se fizerem necessários.

A Diretoria."

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