Santa Tereza

Trinta anos depois, Torres Gêmeas entram em obras

Prédios foram abandonados na década de 1980 após falência de construtoras

Seg, 06/02/17 - 02h00

Um antigo elefante branco do bairro Santa Tereza, na região Leste de Belo Horizonte, tem, finalmente, esperança de conclusão. O residencial Saint Martin, conhecido como as Torres Gêmeas, que durante anos ficou abandonado e acabou sendo invadido por moradores sem teto foi comprado pela construtora Vereda Engenharia e deve ter obras concluídas até 2019. A empresa pretende terminar a construção com o mesmo destino pensado no início, de prédios residenciais. Os apartamentos estarão à venda a partir do próximo ano.

O empreendimento foi abandonado na década de 1980 pela ICC Incorporadora e pela Jet Engenharia, que faliram. Em 1996, mais de 170 famílias foram morar no esqueleto de concreto, em uma ocupação que durou mais de 16 anos. Os prédios foram alvo ainda de disputas judiciais, e a ocupação postergou o leilão das estruturas.

O novo projeto, desenvolvido em parceria com o Escritório de Arquitetura Alberto D’Ávila, prevê a construção de 132 apartamentos nas duas torres – 66 em cada uma. Os prédios serão batizados de condomínio Altabella.

Segundo o diretor administrativo da construtora, Gilberto Moreira Siqueira, primeiro está sendo feito um trabalho de recuperação das estruturas e limpeza dos terrenos. “O projeto de modernização está na Prefeitura de Belo Horizonte em processo de aprovação”, explicou. A reportagem entrou em contato com o Executivo, que prometeu responder apenas nesta segunda-feira (6).

Padrão. Os interessados poderão escolher entre apartamentos de um ou dois quartos. Todas as unidades habitacionais terão suítes e duas vagas na garagem. “A fachada será totalmente nova, remodelada. Manteremos a estrutura externa e internamente os apartamentos serão modificados”, detalhou Siqueira. A ideia é proporcionar uma infraestrutura moderna, sem mudar a estrutura original.

O condomínio Altabella vai ter ainda área de lazer completa, com piscinas, salas de jogos, quadras, sala de ginástica, salões de festas, espaço gourmet, churrasqueira, sauna, além de uma área verde.


‘Cidade ganha com ocupação’

O professor da Escola de Arquitetura da UFMG Roberto Andrés considera positivo tornar o imóvel habitável. “Não faz sentido um imóvel desocupado. A cidade ganha com a ocupação, com mais gente morando”.

Para ele, alterações na estrutura são normais nesse tipo de obra. Ele pontua, porém, que seria interessante que todas as classes sociais pudessem ter acesso à compra de apartamentos. O preço dos imóveis não foi informado. (AD)


Saiba mais

Compra. A vereda Engenharia Ltda informou que comprou as Torres Gêmeas em um leilão realizado em 2015. O valor do arremate não foi informado pela construtora. A empresa relatou que recebeu as edificações “livres e desembaraçadas de todos os ônus”. Os débitos anteriores teriam ficado a cargo da massa falida, que com o dinheiro do leilão ficaria responsável por pagar as dívidas.

Incêndio. Em dezembro de 2010, um incêndio fez com que o primeiro prédio fosse desocupado. Em setembro do ano seguinte, os moradores da outra torre foram notificados a deixar o prédio porque não havia requisitos mínimos de segurança.

Trabalho. A Vereda Engenharia informou que 30 homens trabalham atualmente na obra. Após a aprovação do projeto pela Prefeitura de Belo Horizonte, esse número deve dobrar. 

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