Contagem

Túnel achado perto da Nelson Hungria continua sendo escavado, diz agente

Buraco estaria sendo construído para fuga de detentos; descoberto há oito dias, local ainda não foi tampado

Por Mariana Nogueira e Nelson Batista
Publicado em 23 de julho de 2019 | 19:56
 
 
Túnel foi encontrado nas proximidades da muralha da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, com restos de comida e água Foto: Nelson Batista

Descoberto há oito dias por agentes penitenciários, o túnel de cerca de seis metros de extensão encontrado nas proximidades da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, que seria utilizado para a fuga de detentos, continua sendo escavado todos os dias por criminosos, segundo moradores da região e funcionários da unidade. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou em nota que o buraco ainda não foi tampado.   

Na tarde desta terça-feira (23) a equipe de O Tempo esteve no local e constatou que o espaço aberto para a construção do túnel permanece da forma como foi encontrado, mas com restos de frutas frescas, biscoitos e ferramentas diversas. O túnel fica próximo à muralha da penitenciária. Após a visita desta reportagem, moradores dos arredores foram até à penitenciária e informaram a presença da equipe, receosos. No momento, eles ainda informaram que todas as noites entre três e quatro pessoas passam horas no local.

“É a faculdade do crime, infelizmente. Nós não temos vez nem voz. Eu tenho medo, porque nem reclamar, por questões de segurança, nós podemos. Um túnel que até hoje não foi tampado, está da mesma forma. É um perigo para todos nós. Moradores relataram que quem está indo lá está ficando por muito tempo. Foi detectado lá dentro alimentação novamente. É muito perigoso. Nós estamos pedindo socorro”, contou um agente penitenciário sob anonimato. O agente ainda afirmou que o efetivo da penitenciária não é suficiente para a demanda, o que deixa situação ainda mais arriscada. Segundo ele, penitenciária tem vaga para abrigar 1.600 presos, mas possui, atualmente, 2.300 detentos. "Onde cabe oito tem 16, onde cabe 16 tem 24 ou 32. O sistema prisional é um barril de pólvora", afirmou.

Procurado, o Estado informou, por meio da Sejusp, que a empreiteira contratada realizou a vistoria técnica no local para dar início aos trabalhos nos próximos dias. “É importante ressaltar que o túnel cavado em área externa à unidade prisional não oferece risco de fuga de presos”, afirmou a nota.

Sobre o efetivo de agentes de segurança penitenciários, o Estado informou que realizou um Processo Seletivo Simplificado para composição de quadro de reserva e o resultado final foi publicado no dia 9 de maio, apresentando o total de 3.918 candidatos aptos. “Foi publicado Diário Oficial de Minas Gerais, no dia 31.05, a convocação dos primeiros aprovados no PSS regido pelo Instrumento Convocatório – Seap nº 01/2018. A lista com os nomes está publicada no site da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap)”, finalizou.

A Sejusp não respondeu ao questionamento sobre o número de presos na penitenciária por questões de segurança. A reportagem questionou o Estado no início da noite desta terça-feira (23) sobre a denúncia levada por moradores da região de que as escavações ainda estariam acontecendo todas as noites, mas não foi respondida.