A situação em Ubá, na Zona da Mata, no combate ao mosquito Aedes aegypti, já era grave antes mesmo de se descobrir o primeiro caso de zika vírus em uma gestante do município. O ano começou com dados alarmantes de 400 casos de dengue apenas nas duas primeiras semanas deste mês. A média é de um novo registro a cada hora. Por isso, a cidade havia decretado situação de emergência no dia 5 de janeiro e, agora, está em alerta maior, principalmente, com as grávidas.
Em todo o Estado estão sendo investigados ainda 17 possibilidades de pacientes com infecção pelo zika vírus, sendo uma gestante e 16 bebês com microcefalia, em 12 municípios, incluindo Belo Horizonte.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES-MG) confirmou nesta quinta que o zika vírus já está presente em Minas Gerais. E os dois casos são com risco de microcefalia. Além da grávida de Ubá, o segundo é um bebê de Curvelo, na região Central do Estado. Ele nasceu em dezembro passado com diagnóstico positivo para o vírus, e seu cérebro mede 32 centímetros, limite definido pelo Ministério da Saúde para triagem e identificação de bebês possíveis portadores da microcefalia.
O tamanho do perímetro encefálico do recém-nascido, porém, pode estar relacionada à prematuridade, já que ele nasceu pequeno. A secretária municipal de saúde de Curvelo, Rejane Oliveira Galvão, informou nesta sexta que serão feitos exames de sangue e tomografia para confirmar a microcefalia. “A doença ainda pode ser descartada. Estamos investigando também se a mãe da criança se ausentou do município, porque temos baixa incidência de dengue aqui”, explicou. Foram 35 casos notificados na cidade neste ano.
Como o bebê foi infectado pelo zika, constatou-se que a mãe transmitiu o vírus, mas não manifestou os sintomas da doença durante a gestação, como ocorre em 80% dos casos. Já em relação à grávida de Ubá, a expectativa agora é saber se o feto vai ter microcefalia. Ela passa bem e terá cuidados e exames redobrados no pré-natal.
A Secretaria Municipal de Saúde de Ubá informou que a gestante esteve no Rio de Janeiro no fim do ano, mas não há confirmação de que ela tenha adquirido o vírus no local. “Dificilmente Minas ficaria fora da transmissão porque está muito próximo dos outros Estados”, explicou o secretário Cláudio Ponciano.
O município intensificou as operações de combate ao mosquito Aeds aegypti – que transmite dengue, febre chikungunya e zika vírus. Os 30 novos agentes contratados para ajudar no controle do vetor começarão a trabalhar nesta semana. Três unidades básicas de saúde vão se juntar ao dois pronto-atendimentos da cidade no plantão aos sábados para atender pacientes infectados, e duas equipes médicas estão sendo contratadas e capacitadas para identificar os casos. “O clima aqui é propício para a dengue, teve falta d’água no ano passado, e as pessoas reservaram água em locais improvisados”, lembrou Ponciano.
Visitas
Esforço. A SES-MG informou que fará, em fevereiro, a primeira visita em todos os imóveis de Minas Gerais, pelo Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia. Outras visitas ocorrerão até junho.
Saiba mais
Verba. A presidenta Dilma Rousseff sancionou nesta sexta recurso de R$ 1,27 bilhão para o desenvolvimento das ações de vigilância em saúde, incluindo o combate ao mosquito Aedes aegypti, em 2016. Para intensificar as ações e medidas de vigilância, prevenção e controle da dengue, da febre chikungunya e do zika também foi aprovado um recurso extra de R$ 500 milhões. Nesta semana, o Ministério da Saúde repassou aos Estados R$ 143,7 milhões. Minas recebeu R$ 16,3 milhões.
Microcefalia.O Ministério da Saúde divulgou, a notificação de 3.530 casos suspeitos da má-formação no cérebro dos bebês, na última semana, distribuídos em 724 municípios brasileiros de 20 Estados e no Distrito Federal. O ministro Marcelo Castro visitou nesta sexta o Instituto Butantan, em São Paulo, onde discutiu parcerias internacionais para o desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus.
BH. Boletim publicado nesta sexta pela Secretaria Municipal de Saúde aponta 101 casos notificados de dengue, ainda não confirmados. Em 2015 foram 16.119 confirmações. A prefeitura segue com os mutirões. Vistorias já ocorreram em 33 mil imóveis.
País teve 1,6 milhão de casos de dengue
O número de casos notificados de dengue no Brasil chegou a 1,6 milhão em todo o ano de 2015, período em que o país registrou uma das piores epidemias da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Os dados – com informações de 4 de janeiro de 2015 a 2 de janeiro deste ano – fazem parte do balanço mais atualizado sobre a dengue, divulgado nesta sexta pelo Ministério da Saúde. Este é o maior número de casos de da doença já registrado em um só ano desde o início da série histórica, em 1990.
A maior epidemia registrada da doença havia ocorrido em 2013, quando o país teve 1,4 milhão de casos. Já em relação a 2014, quando o Brasil teve 586 mil casos de dengue, o aumento é de 180%.
MORTES. O país também teve recorde no número de mortes em decorrência da doença em 2015. Ao todo, foram 863 óbitos. Até então, o maior número de mortes ligadas à dengue havia sido registrado em 2013, quando houve 674 casos.
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