Tragédia

Um dia de despedidas das 3 vítimas da chuva em Belo Horizonte

'Morte não foi em vão’, diz parente que acompanhou enterro

Por Letícia Fontes e Michelyne Kubitchek
Publicado em 17 de novembro de 2018 | 20:09
 
 
Corpo de mãe e filha encontradas mortas em carro durante a chuva que caiu em Belo Horizonte na última quinta-feira, 15, foram sepultados nesta tarde de sábado Foto: Douglas Magno

Foram enterradas neste sábado (17), em cerimônias restritas a familiares e amigos, as três vítimas do temporal que atingiu Belo Horizonte na última quinta-feira (15). 

Os corpos de Cristina Pereira Matos, 40, e da menina Sofia, 6, foram enterrados no fim da tarde no cemitério Belo Vale, em Santa Luzia, na região metropolitana. Mãe e filha morreram afogadas durante a tempestade. Elas foram encontradas abraçadas dentro do carro em que estavam, na avenida Vilarinho, na região de Venda Nova, que foi tomada pela enxurrada. 

Bastante emocionados e abalados, os parentes preferiram não dar entrevista. “Já pensamos, falamos, lutamos, mas estamos perdendo as forças. Nada do que for dito irá trazê-las de volta”, desabafou um familiar.

Ainda segundo os familiares de Cristina e Sofia, a tragédia poderia ter sido muito pior. Isso porque o filho de 12 anos de Cristina também estaria no carro se não tivesse decidido de última hora viajar com a avó para Guarapari (ES). “Ele resolveu que ia um dia antes passar o feriado com os avós. Se não tivesse viajado, estaria no carro, porque a Cristina e a Sofia estavam indo para casa de tios”, contou um parente.

Um exemplo 
Também neste sábado (17)  foi enterrado o corpo da adolescente Anna Luísa Fernandes de Paiva Maria, 16, no cemitério Bosque da Esperança, em Belo Horizonte. Cerca de mil pessoas se despediram da jovem. A adolescente foi sugada por uma galeria e levada pela correnteza ao sair do carro em que estava com o namorado, no bairro São João Batista, em Venda Nova, durante o temporal.

“Ela era um exemplo de dedicação e de muita sabedoria para uma menina de 16 anos. Pegava ônibus cedo para estudar num cursinho, para passar numa escola boa, neste país desigual em que vivemos”, contou a prima Bárbara Reis, 18, que acompanhou o velório e o sepultamento.

A familiar criticou o descuido “de quase meio século” na Vilarinho. Para ela, Anna Luísa não morreu em vão: “Ela foi um exemplo de pessoa, e a morte dela não vai ser em vão. Ela representa uma vítima no país do descaso.

Caso em investigação

A Polícia Civil informou que o corpo do homem de 44 anos, de identidade não revelada, encontrado na ocupação Vitória, no limite com Santa Luzia, foi liberado pelo Instituto Médico Legal na madrugada deste sábado (17). Testemunhas disseram que que ele foi arrastado pela correnteza ao tentar atravessar uma ponte sobre um córrego. A Defesa Civil não trata a morte como consequência da chuva, mas a Polícia Civil apura.