Operação Demerara

Veja fotos da mansão de R$ 30 mi em Nova Lima erguida com dinheiro sonegado

Investigado pelo MPMG, empresário que atuava na Ceasa mantinha vida de luxo em imóvel com piscina e vista para serra

Por Lara Alves
Publicado em 12 de setembro de 2019 | 11:18
 
 
O imóvel tem piscina e vista privilegiada para nascer e pôr-do-sol Foto: MPMG/Divulgação

A cena poderia estar em um filme: agentes de uma força-tarefa cumprem mandado de busca e apreensão em uma mansão, situada numa área nobre. O imóvel é construído a partir de uma arquitetura planejada e evidencia a vida de luxo de seus moradores. 

Apesar dos traços parecerem ficcionais, a casa existe e fica em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Nela foi cumprido um mandado de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (12). O proprietário da mansão é empresário do ramo de distribuição alimentar, investigado por sonegar, com seus sócios, cerca de R$ 200 milhões em ICMS ao governo do Estado. 

Veja fotos da mansão:

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o dono da casa usou parte dos recursos obtidos com a sonegação fiscal para construir o imóvel.

Valor e detalhes

Hoje, se vendida, a mansão custaria em torno de R$ 30 milhões para o comprador. Além dos detalhes de luxo, a casa está inserida em um condomínio fechado, em área muito nobre do município. 

Imagens feitas pelo MP destacam a elegância do imóvel, que poderia facilmente ser exibido em programas de arquitetura.

O pé-direito é alto, e toda a fachada está revestida por vidros que permitem tanto a iluminação natural durante o dia quanto uma vista privilegiada para o nascer e o pôr do sol. 

O material sobre o piso, as paredes e os móveis seguem uma paleta de cores que oscila entre tons claros e tons de madeira. Há uma lareira em uma das salas do imóvel e pelo menos duas piscinas – uma na área externa e outra ao lado da sala de jantar. 

Operação contra sonegação

Seis mandados de prisão estão sendo cumpridos contra empresários do ramo de distribuição de alimentos em cinco municípios mineiros, além de um no Rio de Janeiro. 

Um grupo de sócios é suspeito de sonegar cerca de R$ 200 milhões em ICMS ao governo de Minas Gerais, entre 2001 e 2017. Eles também são investigados por falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Entre eles estão empresários com atuação, inclusive, na Ceasa de Contagem. 

A força-tarefa para coibir os crimes contra a ordem tributária é composta por Ministério Público de Minas Gerais, Receita Estadual e Polícia Civil. Uma mansão em Nova Lima, na região metropolitana, está entre os alvos visitados durante a operação "Demerara". 

Além dos mandados de prisão, também são cumpridos outros de busca e apreensão, todos expedidos pela Vara de Inquéritos de Contagem. As cidades visitadas por agentes e investigadores são Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, Barbacena e Varginha, além de Araruama, no Rio de Janeiro. No entanto, os suspeitos também cometiam crimes em São Paulo. 

Entenda o esquema 

De acordo com as investigações, ao longo de 16 anos, os empresários compravam notas fiscais frias no mercado ilegal e as utilizavam para diminuir o valor mensal do imposto. 

Segundo o MPMG, trata-se de uma organização criminosa formada por pessoas ricas, bem instruídas e devidamente orientadas por especialistas. Os investigados teriam, desde a década de 90, constituído um grande grupo econômico composto por empresas do ramo de distribuição de alimentos, principalmente de açúcar.

Negócio de família

O grupo seria chefiado por dois irmãos, que usavam laranjas para constituir as empresas atacadistas, blindando seu patrimônio pessoal. Há suspeita de que empregados eram coagidos a emprestar seus nomes para a constituição das empresas.

Um dos sócios seria o dono da mansão avaliada atualmente em torno de R$ 30 milhões localizada Nova Lima.

(Com informações do Ministério Público de Minas Gerais)