Crime

Vídeo: cresce número de pessoas que abastecem e não pagam em BH

Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) afirma que situação mostra certo desespero da população com a escalada do preço dos combustíveis

Por Juliana Siqueira
Publicado em 27 de junho de 2022 | 18:05
 
 
Minaspetro destaca que a maioria dos postos de combustíveis tem câmeras de segurança, monitorando 24 horas a pista de abastecimento Foto: Reprodução

Postos de Belo Horizonte têm registrado aumento no número de casos de pessoas que abastecem o carro e saem sem pagar a conta. Empresários e gerentes entrevistados pelo O TEMPO contam que o crime é antigo, mas, que desde meados do ano passado, está cada vez mais comum devido à alta dos preços, sobretudo da gasolina. 

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) também menciona a questão econômica, alegando que “a situação mostra certo desespero da população com a escalada do preço dos combustíveis nos últimos meses, um produto essencial para que muitas pessoas possam trabalhar e se deslocar”.

Proprietário de posto de gasolina, Bráulio Chaves frisa que o crescimento do número de ocorrências começou justamente quando o preço dos combustíveis passou a aumentar constantemente. Segundo ele, o fato de abastecer e sair sem pagar já está se tornando “uma prática” e não há muito o que fazer.

“A gente fica muito vulnerável. Só dá para anotar a placa e registrar boletim de ocorrência. Não tem como evitar e nem impedir que o carro saia”, afirma.

Uma gerente de posto de gasolina, que pediu para não ser identificada, afirma que já fez vários boletins de ocorrência por conta desse tipo de crime. Os suspeitos são filmados pelas câmeras de segurança do local e as placas dos veículos são registradas pelas imagens, o que ajuda a identificar os criminosos. Segundo ela, as pessoas que agem dessa maneira costumam ter um perfil mais específico.

Perfil dos motoristas 'fujões'

“Em geral, são pessoas jovens, que estão indo para festas nos fins de semana. É um crime que ocorre mais aos sábados e domingos. Eles enchem o tanque e, quando o frentista fala o valor, simplesmente vão embora. O que indicamos aos funcionários é que liguem rapidamente para a polícia”, afirma.

Gleison Isaías, que atuava como gerente de um posto de combustíveis de BH, também já presenciou o crime. No dia da ocorrência, ele estava substituindo um frentista e abasteceu o veículo de uma pessoa. Logo depois, conta ele, o homem saiu sem pagar.

“Ele simplesmente acelerou o carro e foi embora, mas deu tempo de anotar a placa. O caso aconteceu de madrugada e depois ficamos sabendo que essa pessoa já havia feito a mesma coisa em outro posto”, diz.

Mudanças na cobrança

Se, por um lado, não há muitas maneiras de evitar o crime, segundo proprietários de postos de gasolina, por outro, a ‘lógica’ desses locais pode mudar.  Diretor executivo da Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres (AbriLivre), Rodrigo Zingales afirma que a organização tem orientado os estabelecimentos a fazerem a cobrança  antecipadamente. “A gente não quer que nenhum frentista corra risco”, afirma. 

De acordo com ele, de certa forma, esse tipo de crime acaba prejudicando os consumidores honestos, já que alguém precisa pagar a conta. “Dependendo do volume de crimes e se o posto tem condições, o estabelecimento acaba aumentando o preço dos combustíveis”, afirma.

Investigações e punição

Em nota, o Minaspetro destaca que a maioria dos postos de combustíveis tem câmeras de segurança, monitorando 24 horas a pista de abastecimento. “Ou seja, a ação ilícita cabe medidas judiciais, uma vez que as imagens registram a placa do veículo”, diz a entidade.

Também em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais destaca que a orientação “é que a vítima registre a denúncia em uma unidade policial mais próxima para adoção de providência”.

O advogado Marcus Vinícius Mattos explica que quem abastece em um posto e sai sem pagar pode responder pelo crime de estelionato, cuja pena é de 1 a 5 anos de prisão. 

Quando acontece o crime, frisa ele, deve ser feito o boletim de ocorrência contendo todas as características do veículo e do próprio autor, “bem como anexar vídeos, fotos, aquilo que possa trazer a identificação com mais propriedade”, afirma.

 

Postos de BH têm registrado aumento no número de casos de pessoas que abastecem o carro e saem sem pagar. Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) fala em “desespero da população com a escalada do preço dos combustíveis”. pic.twitter.com/kvU8L9mz7Y

— O Tempo (@otempo) June 27, 2022