CERESP

Vídeo mostra o momento em que agentes controlaram motim na Gameleira

Imagens enviadas à reportagem de O TEMPO mostram a ação dos agentes penitenciários na manhã desta segunda-feira (16)

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 17 de março de 2015 | 14:45
 
 
Nesta segunda-feira (16) presos também se mobilizaram no Presídio de Jaboticatubas Divulgação/Comando de Operações Especiais

Na manhã segunda-feira (16) detentos do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) do bairro Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte, deram início à um motim que teria como principal motivo a superlotação. Eles atearam fogo em alguns colchões e atiraram pedaços inflamados no corredor de um dos pavilhões da unidade.  

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou por meio de uma nota que o incidente começou por volta das 7h30 e terminou 30 minutos depois. Nesta terça-feira (17), a reportagem de O TEMPO recebeu um vídeo que mostra o momento em que os agentes penitenciários entraram no local e iniciam a contenção do movimento.

É possível ver os homens passando por um corredor escuro, repleto de fumaça, e com celas de ambos os lados. Sob gritos dos presos, os agentes abrem o local onde foi ateado o fogo e inicia o combate às chamas. Assista: 

Somente na última semana Minas Gerais foi palco de seis confusões em unidades prisionais. A última delas aconteceu também nesta segunda-feira, na parte da tarde, em Jaboticatubas, na região Central do Estado. De acordo com a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), os presos colocaram fogo em pedaços de colchões e roupas, que depois foram jogados em lixeiras, no corredor da unidade. O motim teve início às 15h e foi controlado rapidamente.

No último domingo (15), presos destruíram parte da cadeia de Vazante, no Noroeste do Estado e deixaram um agente ferido. No total 11 detentos fugiram, mas cinco acabaram recapturados. A superlotação do local – que tinha 51 resos, onde cabem 20 – foi a principal motivação segundo a Polícia Civil, responsável pela cadeia pública. 

Já no sábado (14), a suspeita de meningite no presídio Floramar, em Divinópolis, na região Centro-Oeste do Estado, causou a suspensão das visitas na unidade. Os presos se revoltaram e deram início a um motim. Outros dois motins foram registrados entre segunda-feira (9) e terça-feira (10) no Ceresp de Betim, na região metropolitana da capital. Presos queimaram colchões e reclamaram de superlotação e falta de água.

Após o motim, a Justiça mandou transferir 532 homens. Deputados visitaram a unidade temporária nesta segunda, verificaram que a unidade tem 850 presos além da capacidade e vão encaminhar relatório à Seds.

Sistema prisional em alerta

O número e a concentração de ações em um curto intervalo de tempo são preocupantes, na opinião de especialistas, que alertam para o risco da volta de rebeliões em série, como era realidade do Estado em um passado não tão distante. Segundo eles, a superlotação, pano de fundo de todos os movimentos, é o principal ingrediente para as rebeliões. O Ministério Público já discute ideias para reverter o quadro.

Minas é o segundo Estado com a maior população carcerária do país. Conforme o último levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de junho de 2014, é também o segundo no Brasil em superlotação de prisões: o déficit de vagas chega a 32.354.

Apenas nos últimos quatro meses do ano passado, o déficit carcerário subiu 33%, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Em setembro, O TEMPO fez uma série de reportagens mostrando a realidade do sistema prisional e a falta de 18,8 mil vagas. Ao fim de 2014, esse número havia subido para 25 mil: a média foi de cem prisões por dia nesse período.

Dados do último dia de 2014 mostram que o Estado tinha na época 65.330 detentos – 30.349 eram presos provisórios, que ainda aguardavam julgamento.