Santo Antônio do Monte

Vítimas de explosão em fábrica de fogos começam a ser enterradas

Incêndio ocorreu em um barracão onde é feita a bicação da bomba batom; local ficou completamente destruído; seis pessoas trabalhavam no espaço, mas uma delas faltou ao serviço nessa terça-feira

Por Fernanda Viegas/Aline Diniz
Publicado em 16 de julho de 2014 | 11:37
 
 
Vítimas começaram a ser veladas na madrugada e foram enterradas nesta manhã Uarlen Valerio / O Tempo

Duas das quatro mulheres mortas em uma explosão em uma fábrica de fogos de artifício, nessa terça-feira (15), foram enterradas na manhã desta quarta-feira (16), em Santo Antônio do Montes, na região Centro-Oeste de Minas Gerais.

Familiares e amigos de Maria das Graças Gonçalves Siqueira, 42, e de Marli Lúcia da Conceição, 39, estão reunidos no Cemitério Municipal desde a madrugada quando iniciaram o momento de despedida.

A prima de Maria das Graças, que também trabalha em uma fábrica de explosivos contou que ouviu o forte barulho e ligou para o irmão, que deu a notícia do acidente com sua parente. “A gente que trabalha (no ramo) tem consciência do que pode acontecer. Só o nome já explica: explosivo. Vamos, mas não sabemos se voltamos”, desabafou Maria Gonçalves Pereira, 32.

Após o acidente, a mulher repensa a profissão e ainda vai decidir se retornará ao trabalho. De acordo com ela, as pessoas só aceitam trabalhar nessas fábricas por falta de opção.

Segundo uma cunha de Maria das Graças, ela estava no emprego há um ano e ela teria se mudado para Santo Antônio do Monte para que os filhos pudessem estudar.

Muito pesarosa, a família de Marli pouco se manifestou durante o enterro dela. A mulher morava apenas com uma filha em casa própria. “Estava sempre disposta e sorrindo, pronta para ajudar os outros”, lembrou a amiga da vítima, a doméstica Gleidiane Aparecida Cardoso de Oliveira, 19.

Assegurados

Segundo o coordenador do Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), Américo Libério da silva, todos os funcionários da fábrica de fogos de artifício têm seguro de vida.

Além disso, Silva informou que todas as despesas com funerária foram agas pela Fogos Globo. Ainda, o coordenador contou que parte do explosivos produzidos na cidade são exportados para a América Latina, com destaque para o Paraguai.

Investigações

Durante toda a manhã desta quarta-feira (16), o delegado Lucélio Silva ouviu Elenilson Gonçalves, 20, único sobrevivente da explosão. Nesta tarde, ele irá colher o depoimento de uma outra testemunha. O delegado também pretende ouvir técnicos e engenheiros da Fogos Globo. Após esta etapa, irá analisar as informações e decidir pelos próximos passos. O laudo da perícia deve ficar pronto em 30 dias.

Apenas o galpão, onde aconteceu o acidente, está interditado pela perícia. Os demais barracões da empresa, que ficam distantes entre si, continuam funcionando, segundo a assessoria da Polícia Civil.

Relembre o caso

O acidente aconteceu por volta das 7h20, em um dos 150 barracões da Fogos Globo, no bairro Bela Vista. Duas bombas estouraram dentro de uma caixa, espalhando o fogo até acontecer a explosão, momentos depois. Elenilson Gonçalves, que manuseava os explosivos, contou que gritou ao perceber o problema, para que as colegas saíssem, mas só ele conseguiu escapar a tempo. O jovem teve ferimentos leves. As outras vítimas são Daiana Cristina Maciel, 25, e Maria José Campos, 26.

O incêndio ocorreu em um barracão onde é feita a "bicação" da "bomba batom". O local ficou completamente destruído. Seis pessoas trabalhavam no espaço, mas uma delas faltou ao serviço, porque estava passando mal.

Atualizada às 13h11