Gastrô

Comida ogra e vegana: pode?  

Para provar que sim, livro "Receitas Ogras & Veganas", criado a partir das redes sociais, reúne todo tipo de receita sem incluir ingrediente animal

Dom, 09/08/15 - 03h00

Criado a partir de um grupo nas redes sociais, o livro “Receitas Ogras e Veganas” prova que não só é possível se alimentar bem dessa forma, como o cardápio pode ser ainda mais variado e delicioso. Os “ogros” ficaram conhecidos depois de aparições em filmes como o "Senhor dos Anéis", "Shrek" e "O Hobbit", nos quais costumam ser retratados como monstros grandes e disformes, possuindo a peculiar capacidade de se alimentar ferozmente de carne humana. Mas, no mundo real, esse termo também se tornou um apelido para humanos que se alimentam ferozmente de qualquer coisa, especialmente carne.

Apesar de ser uma alcunha comumente usada para definir aquele amigo que come tudo o que vê pela frente em um churrasco ou se esbalda com os “podrões” vendidos em carrinhos de rua, a palavra tem sido usada também para definir os veganos que têm o apetite semelhante ao dos “ogros” convencionais, com a diferença de que o cardápio nunca inclui carne ou qualquer outro item de origem animal.

Mas será que dá pra fazer jus ao apelido comendo essencialmente vegetais? Essa é a grata surpresa da página Ogros Veganos no Facebook, que já conta com 34 mil membros. No grupo, os usuários postam o passo a passo e fotos das receitas que inventam, algumas muito semelhantes a pratos carnívoros, mas criadas com ingredientes como leites vegetais, “queijo” de mandioca, “maionese” de batata e hambúrgueres feitos das mais diversas formas, desde a tradicional soja até casca de banana.

Os pratos são tão “bem-apanhados”, coloridos e diversificados no quesito ingredientes que fica difícil para um carnívoro convicto imaginar como podem ter sido feitos sem um único item animal. Não só é possível, como há quem diga que as receitas ficam muito mais saborosas.

O estudante Pedro Guilherme Amorim, 26, é um deles. “Para parar de comer carne, eu refleti sobre a forma de se extrair o alimento com violência. Tem que matar, sacrificar, e tudo isso nos leva a pensar sobre a dor daquele ser vivo e em como ele está sendo usado pela sociedade. A transição foi muito natural, nada obrigado. Eu fui experimentando outros alimentos e outras receitas, descobrindo novos sabores. Percebi que isso mexeu com meu humor, me deixou mais tranquilo, nunca mais tive digestões pesadas. E, assim, eu descobri novos prazeres, novas experiências, que eu não teria quando tinha a carne como opção”, conta.

No grupo, nenhum prato é omitido por ser tradicionalmente carnívoro. A liberdade de criação e de experimentação dos “chefs veganos” torna possível degustar uma deliciosa feijoada, um cachorro-quente de “salsicha”, um espetinho ou mesmo empanados de “frango”. Todas as receitas são esteticamente parecidas com as originais, que levam carne, laticínios e ovos. Alguns comentários nas postagens deixam claro que os amigos carnívoros que experimentaram os pratos veganos nem sonhavam que não estavam comendo carne.

 

Renda revertida para causa animal

Depois de ver tantas receitas originais e saborosas na página, o publicitário Danilo Schwarz, 24, decidiu reunir em “Receitas Ogras e Veganas” mais de cem receitas “essenciais”, entre sobremesas, pratos quentes, lanches, queijos e maioneses vegetais. Segundo  ele, alimentar-se com a consciência de que em nenhuma parte do processo houve sofrimento de qualquer espécie pode ser estranhamente libertador. “Sou vegetariano há oito anos e comecei a manter uma dieta vegana desde que entrei no grupo. A ideia do livro veio daí, de tantas receitas incríveis que abriram meus olhos para o veganismo. Eu quis expandir esse conceito de que vegano come muita coisa boa (para vegetarianos e para pessoas que também comem carne)”, explica Schwarz.

 

O critério para a seleção das receitas foi “optar por aquelas que ninguém – ou quase ninguém – acharia que poderia ter uma versão vegana, de tão gostosa”, diz. O livro pode ser baixado gratuitamente pela internet em PDF, com direcionamento por meio da página"Chef & Pet". Mas, para quem quer ter o livro impresso em casa, dá para comprá-lo por R$ 42. Neste caso, a verba é totalmente revertida para a construção da nova sede do Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, atualmente localizado em Cotia (SP), mas com planos de vir para Gonçalves, no Sul de Minas. O santuário socorre e abriga animais de qualquer espécie em situação de risco ou vítimas de crime ambiental, e precisa de uma nova sede para atender o crescente número de resgates. 

 
Compre o livro impresso | Baixe de graça (link alternativo)
 
 
FOTO: Divulgação
Livro tem frete grátis e lucro revertido em doação para ajudar animais

 

Dicas dos "Ogros Veganos"

Na página do grupo, ainda é possível se encantar com histórias e imagens dos ogros veganos e entender de onde veio tanta inspiração para o livro. Uma delas é a história de Amanda Montú. Ela conta que o marido, quando criança, costumava comer na escola um enrolado de presunto e queijo, o seu salgado favorito na época. Mas, depois que se tornou vegano, ele nunca mais sentiu aquele sabor novamente.

 

Até contar a história para a mulher e ter uma grata surpresa ao chegar em casa, um dia, e se deparar com o enroladinho, só que feito com presunto de soja e queijo de batata. “Quando ele viu, não acreditou que iria comer, de novo, um salgado com esse gosto de infância. Depois de provar, ele disse: tem o mesmo gosto de quando eu tinha 8 anos, só que ‘vegano’”, conta Amanda.

 

Só quero chocolate. Quem diria que um delicioso bolo de chocolate não leva nem laticínios nem ovos? Provavelmente, qualquer desavisado que não conferiu essa receita no livro. O segredo são os leites vegetais, que conferem um sabor especial ao quitute, mas sem se distanciar do gosto original, aquele que nove em cada dez ogros – veganos ou não – jamais dispensariam: chocolate. E o melhor: intolerantes à lactose podem devorar sem medo!

 

Parece, mas não é. Onde já se viu estrogonofe “de frango” sem frango? Com a mesma cara, consistência, cor e sabor do original, esta é uma das receitas encontradas por Schwarz e integrada ao livro.

 

Gostoso igual. Outra iguaria encontrada no livro é o taco mexicano, que, diferentemente do original, pode levar todos os ingredientes de sua preferência, exceto carne, ovos e laticínios.

 

Ogrice genuína. Quem iria imaginar que esse suculento bolo de morango da Vanessa Neves, digno de qualquer festa de aniversário, tem cobertura de leite condensado de soja com cacau e leite de coco?

 

Tropeirão. Camilo José prova que ogro que é ogro não precisa de carne para se alimentar bem, nem abrir mão do tropeiro.

 

Salsicha vegana, por que não? Nathaly Paukoski é dessas que não passam vontade e garante: se é pra comer salsicha, que seja! Só que essas, apesar de terem a cara das salsichas comuns, são muito mais saudáveis e sinceras – você pode saber como ela é feita do início ao fim e ainda assim não vai ter “nojinho” de comer. 

 
 

Opções veganas em Belo Horizonte:

  • MATO DE MINAS

  • Delivery de sanduíches naturais, quiches, patês doces.

  • Tel: (31) 3521-1373 matodeminas@hotmail.com

  •  

  • QUITUTS COMIDA VEGANA

  • Delivery de doces salgados.

  • Tel: (31) 2515-3223 ou quituts@gmail.com

  •  

  • SALADA SAUDÁVEL

  • Restaurante delivery de comidas orgânicas crudívoras, védicas, também sucos sanduíches.

  • Av. Olegário Maciel, 742, 3º andar - Mercado Novo Tels: (31) 3473-5367 e 9912-5367

 

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.