Cofres abertos

Após 'efeito Gilmar', Ministério da Saúde libera quase R$ 5 bi contra Covid-19

A pasta destinou o equivalente a 42% de tudo o que autorizado até agora para Estados e municípios para o combate ao coronavírus depois de críticas do ministro do STF

Por CAMILA MATTOSO/FOLHAPRESS
Publicado em 16 de julho de 2020 | 21:08
 
 
Gilmar Mendes Evaristo Sá/AFP

A procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo Élida Graziane diz ter notado nos dados de repasses de verbas da Saúde para Estados e municípios um possível "efeito Gilmar Mendes", em alusão às críticas feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) à gestão de Eduardo Pazuello.

Nesta quarta-feira (15), o Ministério da Saúde liberou R$ 4,977 bilhões para Estados e municípios para o combate ao coronavírus.

O valor, segundo notou a procuradora, equivale a 42% de tudo o que havia sido liberado até então, desde 18 de março, quando Jair Bolsonaro baixou o decreto de calamidade pública em razão do coronavírus.

"A pressão do Ministro Gilmar Mendes parece ter chegado à execução orçamentária do Ministério da Saúde", escreveu Élida em uma rede social.

O repasse coincidiu com o aniversário de dois meses do general Pazuello no cargo.

Em live nesta quinta (16), sobre pacto federativo e as finanças estaduais, o ministro Gilmar Mendes comentou conversa que teve com o economista José Roberto Afonso, especialista em contas públicas, sobre a liberação de verbas da véspera.

"Zé Roberto me chamava atenção que talvez um subproduto dessa querela com o Ministério da Saúde ou com a gestão do Ministério da Saúde é que nós tivemos de súbito a liberação de recursos que estavam travados. Se disse brincando que era efeito positivo da polêmica Gilmar x Ministério da Saúde", afirmou Gilmar.

"Não é possível que essas coisas ocorram ao acaso, é preciso que haja regularidade, fundamentalmente na área da saúde", concluiu o ministro.