Higiene e saúde

Coronavírus pode sobreviver 4 dias na tela do celular

Estudos estimam tempo de sobrevivência do vírus em superfícies; saiba como higienizar o aparelho

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 10 de março de 2020 | 13:25
 
 
Pixabay

“Esse coronavírus veio para mostrar o tanto que a gente age mal em relação às infecções respiratórias, seja um resfriado ou uma gripe. Não temos o hábito de nos cuidar”, afirma o virologista Flávio Guimarães da Fonseca, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O coronavírus tem relembrado costumes de higiene básica, como lavar as mãos, e outro hábito pode ajudar na prevenção: a limpeza do aparelho celular. 

Não se sabe com exatidão o quanto a nova variação do vírus sobrevive em cada superfície, mas estudos feitos com outros organismos da mesma família — como o Sars-CoV e o Mers-CoV, dão pistas do comportamento dele na tela do celular, por exemplo. 

Um documento de 2003 publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o Sars-CoV sobrevive cerca de 96 horas (4 dias) no vidro — justamente, um dos materiais mais presentes nos smartphones. A estimativa é reforçada em um estudo publicado no último mês por pesquisadores alemães no “Jornal de Infecções Hospitalares”.

O levantamento analisou resultados de outras 22 pesquisas e avaliou a resistência de coronavírus em materiais como vidro, metal e plástico — em alguns casos, os vírus sobrevivem por até 9 dias, com algumas variações, que atingem apenas animais, chegando a 28 dias. 

“O celular é uma fonte gritante de infecção, porque é um material liso com contato próximo a regiões como a mucosa da boca”, explica Fonseca. Por outro lado, a superfície lisa da tela facilita a higienização.

Isso porque a sobrevivência do vírus é favorecida pela presença de material orgânico ao redor dele, o que o torna menos exposto ao ambiente. Objetos muito porosos, portanto, ajudam a acumular substâncias e a “esconder” o vírus.

Como limpar o celular contra o coronavírus

De acordo com o técnico Luiz Felipe da Silva Souza, da assistência de celulares BHCell, o mais indicado é usar álcool isopropílico, um tipo de álcool diferente do gel, que também é vendido em farmácias. O correto, detalha ele, é passar o álcool em uma flanela e, depois, aplicá-lo sobre a tela e na capinha do aparelho, uma vez por dia. 

No site, a Apple informa que, para limpar iPhones a partir da versão 11, também é possível utilizar sabão e água morna com um pano macio e sem fiapos. A marca não recomenda o uso de outros produtos na tela, como detergente e produtos de limpeza de vidro. 

Para além do uso nos celulares, o virologista Flávio Guimarães da Fonseca esclarece como o álcool e o sabão agem contra os vírus. “Eles o expõe, tirando-o do ambiente com matéria biológica e matando-o. A água com sabão desmancha gordura, e a partícula viral tem um envelope externo de gordura. O álcool desorganiza as proteínas do vírus e, assim, ele morre”.

Mesmo após os cuidados com o celular, a recomendação da Organização Mundial da Saúde continua a mesma: lavar as mãos corretamente é um dos principais meios de se prevenir.