Vacina

Pesquisa da UFMG vai investigar baixa cobertura vacinal no Brasil

Entidade vai apurar a queda da vacinação geral no país e as possíveis causas para a redução nos índices de adesão. Menos crianças foram vacinadas contra a poliomielite, por exemplo

Por Simon Nascimento
Publicado em 19 de novembro de 2021 | 20:50
 
 
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A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está coordenando um estudo nacional que busca identificar quais os principais desafios para as políticas de imunização no Brasil. A pesquisa também visa investigar a queda da cobertura vacinal no país e as possíveis causas para a redução nos índices de adesão às vacinas. A queda na cobertura vacinal vem ocorrendo no Brasil desde 2015 e levou os percentuais da população vacinada a níveis semelhantes aos da década de 1980. 

O trabalho será feito até 7 de dezembro e terá a participação, em debates online, de gestores públicos e profissionais de saúde que atuam em ações de imunização. A população também poderá participar dos debates, mediante inscrição prévia que pode ser feita neste link. Os trabalhos serão conduzidos pelo Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon), da UFMG. 

Pesquisador do Núcleo, Jackson Freire destaca que a pesquisa será feita com uso de formulários online, entrevistas com grupos focais, diálogos online e análises de dados secundários. O objetivo é promover uma ampla discussão sobre os principais desafios na imunização nos municípios brasileiros, gerando reflexões para subsidiar a formulação e revisão das políticas de vacinação. 

Os resultados da pesquisa serão enviados ao Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). “Eles serão sistematizados e colocados em apreciação e debate em um fórum ampliado com participação de todos os inscritos na última semana do evento”, informa Freire. “Na conferência de encerramento serão apresentados os resultados, com reflexões que subsidiem a formulação e revisão das políticas e ações de imunização nos territórios municipais, indicando os pontos de convergência e divergência entre os diversos públicos em cada uma das dimensões abordadas ao longo de todo o processo”, completa. 

Informações sobre a pesquisa e participação no evento estão disponíveis no site da UFMG. 

Cobertura vacinal da poliomielite

Um exemplo da queda na cobertura vacinal no Brasil é a vacina contra a poliomielite, segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI).  Em 2015, quando o Brasil teve 31 milhões de bebês nascidos vivos, o esquema de três doses foi finalizado em 2,8 milhões de crianças. Em 2019, dos 2,8 milhões de nascimentos, houve 2,4 milhões de terceiras doses aplicadas. No ano seguinte, em meio à pandemia, a diferença cresceu, com 2,7 milhões de nascimentos e 2,2 milhões de terceiras doses aplicadas.

Outro exemplo é o imunizante da BCG. Em 2015 foram 3,1 milhões de doses aplicadas em 2015, contra 2,5 milhões em 2019, e 2,1 milhões em 2020. Outro exemplo foi a vacina contra o rotavírus, que teve suas duas doses aplicadas em 2,7 milhões de crianças em 2015, e em 2,2 milhões em 2020.