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Quarentena é desobedecida mesmo sendo aliada no combate ao coronavírus

Antropóloga explica porque algumas pessoas não seguem uma das principais aliadas na contenção da pandemia

Qui, 26/03/20 - 18h13
Manter o isolamento social é uma das principais formas de combater o coronavírus | Foto: Наркологическая Клиника por Pixabay

Uma das principais formas de conter a epidemia do coronavírus é o distanciamento social, uma vez que a maior parte das transmissões do vírus se dá por gotículas expelidas durante a tosse ou o espirro. Daí a importância de reduzir o contato entre as pessoas. A medida está sendo adotada por países como Espanha, Bélgica e o Reino Unido. Para a antropóloga Érika Renata, "a mídia deve conscientizar as pessoas de que esse é um problema coletivo, e não individual".

Uma pessoa contaminada que reduzir seu contato social em 50% diminui seu potencial de contágio de 406 indivíduos para 15 em um mês, segundo estudo feito pela BBC. Países com mais casos confirmados, como a Itália, adotaram medidas mas drásticas para diminuir a distância entre seus cidadãos. Na região da Lombardia, por exemplo, até exercícios ao ar livre foram proibidos pelas autoridades. Já a França impôs multa de 135 euros (R$ 742) para quem for flagrado na rua e não portar documentação que prove que sua circulação é essencial. 

Mesmo sabendo da importância da quarentena para a redução das infecções, muitas pessoas saem de casa sem necessidade. Érika Renata avalia os motivos desse relaxamento. "Tem uma questão geral, que é o discurso de nosso presidente. Então tem uma heterogeneidade dos discursos: o médico-cientifico, que fala da necessidade da quarentena, e o do presidente, que é dúbio nesse sentido", explica.  

Outro motivo pelo qual muitas pessoas contrariem a recomendação das autoridades é o embate entre as visões econômica e humanista. "A gente está vendo um debate grande do discurso de proteção à vida com o de proteção à economia. Então, a gente vê que a economia está tendo um peso forte nessa ação das pessoas que querem sair  sob a justificativa de que o mercado tem que girar", analisa a antropóloga.

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