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Foi no inverno de 1980 quando John Pizzarelli descobriu uma das paixões que moveriam sua vida.
"É até engraçado, mas foi numa noite gélida de janeiro, em New Jersey, que eu caí de amores por Nat King Cole", lembra o cantor e guitarrista, em tom solene, durante um bate-papo sobre sua mais recente turnê "For Centennial Reasons...", que chega ao palco do Grande Teatro do Sesc Palladium neste sábado (21).
No show, John presta homenagem justamente ao centenário de King Cole – icônico pianista, cantor e bandleader norte-americano que foi responsável por influenciar uma legião de artistas de peso desde Chuck Berry, passando por Ray Charles até Otis Redding.
"No momento que ouvi os primeiros discos dele eu sabia que era amor. Desde então, ele se tornou um dos meus heróis", afirma o músico, ainda chocado.
Filho de Bucky Pizzarelli, um dos mestres da guitarra de jazz dos Estados Unidos, John conta que foi por insistência do próprio pai que ele acabou conhecendo a obra de Cole.
"A Capitol Records tinha acabado de re-lançar a coletânea 'The Best of the Nat King Cole Trio', e ele me disse 'Você tem que escutar esse cara'. Ainda meio desconfiado fui até a loja, comprei o material e voltei direto para casa para ouvir o álbum do lado do meu pai. Quando 'Paper Moon' e 'Route 66' começaram a ecoar no toca-discos, eu tive a certeza de que aquele era o som que eu queria reproduzir na minha carreira musical", recorda.
Ao vivo, John Pizzarelli se junta ao pianista Tadataka Unno e ao baixista Mike Karn para apresentar versões refinadas de clássicos do cancioneiro de Cole como “Hot That Jive", "Save The Bones For Henry Jones" – que já faziam parte de álbuns antigos do guitarrista – além de faixas que não tinham sido gravadas por ele antes como é o caso de "When I Fall in Love", "Body and Soul" e "The Very Thought of You".
"Decidi incluir 'When I Fall in Love', 'Body and Soul' e 'The Very Thought of You' porque são sucessos que eu nunca tinha tentado tocar. Depois que as gravei no estúdio, ficou claro que eram perfeitas para esse repertório", revela.
Encontro com Paul McCartney
Instrumentista requisitado, Pizzarelli já trabalhou com ícones da música como Pat Metheney, James Taylor e Paul McCartney. Inclusive, ele adora contar histórias que vivenciou no mundo do showbiz. Entre as preferidas está uma sobre quando ele conheceu o ex-Beatle.
"Essa é ótima porque quase ninguém sabe. Eu conheci Sir Paul McCartney quando fui fazer um show no Carlyle Hotel, em Nova York. Eu estava esperando no saguão do hotel em frente ao elevador quando de repente o Paul entrou no local com a esposa. Ele me viu com minha guitarra e falou 'O que você pode tocar ai para mim?'. Eu peguei o instrumento e sem saber exatamente o que fazer, comecei a dedilhar a canção 'Money', que era uma música antiga que os Beatles tocavam antes da fama", revive ele entre gargalhadas.
"Quando terminei ele disse 'Bacana, cara. Agora vai lá para o teu show que eu vou subir para dormir'. Ai, ele entrou no elevador, olhou para mim e começou a cantarolar a letra de 'Money': 'As melhores coisa dessa vida não custam nada...', e aí a porta foi se fechando e eu fiquei ali parado sem saber o que dizer e sem acreditar no que tinha acabado de acontecer", relata, ainda incrédulo.
Conexão Brasil
Acostumado a se apresentar em solo brasileiro, Pizzarelli declara que está animado por retornar ao país.
"Sempre fico feliz de vir para cá para fazer música. Toco no Brasil desde 1996, e cada vez que volto fico mais entusiasmado com a resposta que recebo do público", elogia o guitarrista.
"É sempre emocionante regressar porque para mim o Brasil é a terra da guitarra. Acho que é por isso que me sinto sempre em casa aqui", arremata Pizzarelli.
Serviço
O quê: Show John Pizzarelli e Trio 'For Centennial Reasons…'
Onde: No Grande Teatro do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1046 - Centro)
Quando: Neste sábado (21), a partir das 21h
Quanto: Ingressos custam entre R$ 65 e R$ 150, e podem ser comprados diretamente nas bilheterias do teatro ou pela plataforma Sympla
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