Teatro

Drama e traumas familiares

Produção dirigida por Fernando Couto com texto de Sebastião Bicalho chega a BH neste fim de semana

Sex, 11/05/18 - 03h00

Discutir a saúde mental e suas implicações e consequências não é tarefa fácil, pois pode expor relações desequilibradas e muito íntimas para a maioria das pessoas. Um drama familiar não superado e seus desdobramentos são o mote do espetáculo “Duplo Etéreo”, que faz curta temporada neste fim de semana no teatro de bolso do Cine Theatro Brasil. “É impressionante como essa temática toca as pessoas e como a esquizofrenia é um tabu”, comenta Fernando Couto, diretor do trabalho.

O texto de Sebastião Bicalho narra a história de dois irmãos que têm suas vidas transformadas em um drama psicológico devido à esquizofrenia, à intolerância aos medos e às culpas das relações familiares repletas de desejos, prazeres proibidos e omissões. “É importante pensar como ele (Bicalho) coloca o ser humano em cena com suas angústias e frustrações familiares, inclusive com uma cena de assédio sexual. Não é um tratado de psicanálise. Estamos falando da esquizofrenia, uma doença sem cura, e das intolerâncias e medos que as pessoas têm”, aponta Couto.

Por falar em intolerância, a produção da peça – que estreou no Rio de Janeiro – enfrentou problemas por sua temática densa e pouco palatável. Com a estreia marcada no teatro Castelinho do Flamengo, o espetáculo foi proibido de se apresentar porque continha cenas de violência sexual e abuso. A solução foi encontrar outro teatro, a Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, em dias pouco “nobres” para a programação teatral (terça e quarta), e fazer a estreia lá. “Nós fomos acolhidos no Laura Alvim e nos surpreendemos com o público que tivemos”, comemora Couto. “Acho que o espaço já conta com um público próprio consolidado, que não busca um tipo de teatro descartável. Tivemos casa cheia em todas as apresentações”, completa.

Além do interesse do público do Rio, Couto destaca a grande quantidade de jovens na plateia interessados na temática do espetáculo. “Creio que os jovens estão cansados da mesmice. Vejo que eles estão em busca de coisas novas, e o teatro pode ser uma possibilidade. Não se trata de um ensinamento, mas eles estão em busca de algo que lhes dê referência na vida”, ressalta.

Para mais, Couto entende que a temática da peça teve boa adesão do público carioca – e espera o mesmo em Belo Horizonte – porque a produção se aproxima de narrativas muito cotidianas. “A peça traz situações muito comuns dentro de casa, no núcleo familiar: a briga entre os pais, as violências, como o assédio sexual entre o pai e as filhas”, finaliza Couto. 

Serviço. “Duplo Etéreo”. sexta (11) e sábado (12), às 20h, e domingo (13), às 19h, no Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil (rua Carijós, 258, centro). Ingressos: R$ 40 inteira e R$ 20 (meia)

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