Janeiro

Abertura de novas empresas cresce 18,89% em Minas Gerais

Demitidos com acerto trabalhista, novos nichos de mercado e investimento baixo justificam a alta

Sex, 19/02/21 - 07h49
Guilherme Furtado e Gabriella Guimarães vão abrir um restaurante focado em gastronomia asiática, que terá delivery | Foto: Ramon Bitencourt

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Quem não arrisca não petisca. O velho ditado pode ser muito representativo para milhares de empreendedores mineiros, que, mesmo frente a uma grande crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19, estão abrindo negócios em 2021. Dados da Receita Federal, divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), indicam que houve aumento de 18,89% na abertura de empresas em Minas Gerais em janeiro deste ano, em comparação com o mesmo mês de 2020.

Nessa lista, estão empresários que estavam com projetos engavetados por causa da pandemia, pessoas que foram demitidas e usaram o acerto trabalhista para investir e outros que apostaram em novos nichos de mercado, especialmente por causa das mudanças de consumo impostas pela quarentena.

Entre os empresários que apostam na abertura de um novo negócio está o casal Guilherme Furtado e Gabriella Guimarães. Chefs de cozinha, desde 2019 eles vinham planejando a abertura de restaurantes na capital, mas a pandemia fez com que os sonhos tivessem de ser adiados.

Quando voltaram de Barcelona, onde moraram por sete anos, os dois pretendiam abrir um bar de gastronomia contemporânea para ele e um restaurante de culinária asiática para ela. Em março de 2020, já estavam com equipamentos comprados e uma reunião agendada para assinatura de aluguel de um imóvel, mas o anúncio de fechamento do comércio não essencial mudou todos os projetos.

Durante a quarentena, os dois trabalharam a gastronomia de forma diferente. Começaram cozinhando para amigos e familiares e viram o negócio do delivery crescer. Deu tão certo que o projeto Gui&Gabi ganhou 10,6 mil seguidores no Instagram. “Chegou um momento em que precisamos de cozinha profissional para fazer o projeto. Usamos diferentes espaços na cidade, mas sentíamos que precisávamos ter a nossa própria cozinha”, explicou Guilherme.

Em um contexto de aumento de casos de Covid, o casal achou mais prudente investir, nesse momento, em um estabelecimento pequeno, focado na gastronomia asiática, apresentando pratos que vão além do tão explorado sushi. Em março, vão inaugurar o Okinaki em uma esquina do bairro Lourdes. “Optamos por um restaurante mais enxuto, com aluguel mais baixo. Assumimos um risco. Sabemos que vários restaurantes fecharam durante a pandemia, como A Favorita, Alma Chef e Vecchio Sogno. A oferta gastronômica ficou mais limitada no Lourdes por causa da pandemia, e isso pode gerar oportunidade para o nosso projeto”, disse Guilherme.

Mudanças de mercado trazem oportunidades

Gerente da unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, Felipe Brandão explica que é natural que haja um aumento de número de novas empresas durante uma crise. Primeiro porque existem muitas pessoas que perderam o emprego e encontram no empreendedorismo uma forma de obter renda e também porque outros viram oportunidades nas mudanças de mercado.

“Quando se tem uma crise, é muito natural que empresas surjam para ocupar espaços deixados por outras que fecharam”, explicou Brandão, acrescentando que alimentação, vestuário e serviços continuam sendo áreas muito exploradas pelos micro e pequenos empresários, embora tenha novas propostas.

Muita gente viu quais eram as novas demandas do isolamento social e levou isso para o campo profissional. “Ainda que não haja muita modificação nos ramos de atividades mais demandados, o empreendedor deve ter expertise para as necessidades no mercado. Muitos restaurantes fecharam, por exemplo, mas também muitos profissionais dessa área migraram para a preparação de alimentos na residência, o famoso congelado”. 

Tíquete médio de crédito é de R$ 10 mil

A fintech paulista Lendico, especializada em empréstimo pessoal online, verificou que neste início de ano mais pessoas estão procurando crédito para investir em um novo negócio ou na expansão da empresa. O número de pedidos de empréstimo com esse perfil, em Minas, cresceu 50% em janeiro de 2021, se comparado com o mesmo período do ano passado. O tíquete médio de empréstimos é de R$ 10 mil, segundo a empresa.

A alta na procura por crédito já vinha crescendo desde novembro, e a tendência é aumentar ainda mais ao longo do ano. “Vimos que houve um aumento grande de pessoas que precisam de crédito que foram para o mundo do empreendedorismo, em busca de uma fonte de renda”, disse Bruno Borges, Chief Marketing Officer (CMO) da Lendico.

Segundo ele, muitas pessoas procuram crédito com fintechs por encontrar barreiras em grandes bancos tradicionais. “Nas fintechs, normalmente as pessoas encontram facilidade e análise rápida de perfil”, afirmou.

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